terça-feira, agosto 25, 2009

Virgindade perdida?

um trabalho de Vhils algures em Lisboa (parece-me)

Li um interessante artigo num dos milhentos suplementos do Público sobre a forma como o grafiti e a arte da rua se estão a transformar em negócios com futuro promissor. Há inclusive uma empresa londrina que oferece "tours" privados para grupos até 5 pessoas pelas ruas do East End por 186€. Aquilo que em Portugal ainda pode dar problemas legais aos grafiteiros, está já ao nível do investimento comercial lá para as bandas de Londres e arredores. É por essas e por outras que uns crescem e outros sofrem de ananismo económico.

É claro que um gajo como Banksy dá muito jeito para publicitar e convencer as forças vivas da nação da importância da arte da rua no panorama cultural contemporâneo. Mas há, decerto, um milhão de artistas com as mesmas potencialidades à espera do momento oportuno para explodirem dentro deste mundo. O garafiti é uma espécie de super-artesanato, uma forma de expressão popular espontânea e de cariz absolutamente urbano, uma materialização espêssa e viscosa da cultura global que se pretende asséptica e liofilizada.

Agora que está já a chegar aos museus e galerias, que as obras dos artistas mais vistosos começam a ser cobiçadas não pelos putos da rua mas pelos putos da mansão em frente, a arte da rua conseguirá manter a sua fúria criativa? Veja-se o que aconteceu com a música popular. O que restou do Rock ou do Punk? Uns velhinhos que andam por esse mundo em digressão, umas poses, uns penteados, umas modas mais ou menos genuínas e pouco mais. Coisas que se vendem, aquilo a que chamamos "merchandising". Desde que se tornou um negócio que a selvajaria da música popular ficou ao nível da do ursinho de peluche. O objectivo de produzir um hit formata de tal modo as pessoas que só são capazes de criar música que não fica a dever nada às latinhas do Manzoni.

Com o tempo, a arte da rua haverá de conhecer novos fenómenos e inventará outras direcções que agora nem somos capazes de imaginar. Entretanto haverá quem nos surpreenda e fascine, quem nos faça sorrir ou simplesmente abanar a cabeça para espantarmos alguma mosca mais insistente que não nos queira deixar em paz. Entretanto convido-te a dares uma olhadela a este vídeo de Vhils em pleno acto criativo. Penso que não darás o teu tempo por perdido.

18 comentários:

Anónimo disse...

Ótimo post!

the dear Zé disse...

É pá esses gajos não passam de uns borra paredes e tu tás para aqui a elogiá-los... Deviam era irem todos lavar escadas ou pior...

(agora que falas nisso, acho que tenho algures ums foto com uma coisa deste moço, se a encontrar e estiver capaz, ponho-a lá no sítio dessas coisas)

Atão e as féria?

Abraço

Lina Faria disse...

Que lindo esse trabalho da foto.
Infelizmente, nem todas intervenções são assim tão elegantes.

peri s.c. disse...

A desejável arte democrática, quando boa. ( o que é "boa" arte ? )

Anónimo disse...

o cara não pode ter sucesso, fama e grana, e ao mesmo tempo manter o vigor criativo, sem cair naquilo que chamamos ´merchandising´?
madoka

Luma Rosa disse...

Uma pena que seja uma arte perecível! o graffiti permite expressar sentimentos contraditórios da vida na metrópole. É fun tástico (rs*) levar movimento além de onde passam os carros. Beijus

the dear Zé disse...

Eu de novo. E olha, econtrei e já lá pus uma coisa do Vhils (na Cidade Tatuada)e, espero que não te importes, um link para aqui.
Abraço.

anareis disse...

Querida(o) nov(o) amiga(o), estou precisando muito de novos amigos pra me auxiliarem no meu projeto. Estou criando uma minibiblioteca comunitária e outras atividades pra crianças e adolescentes na minha comunidade carente aqui na minha comunidade carente no Rio de Janeiro,eu sózinha não conseguirei,mas com a ajuda dos amigos sim. Já comprei 120 livros e também ganhei livros até de portugal dos meus amigos dos meus blogs:Eulucinha.blogspot.com ,se quiser pode visitar meus blogs do google,ficarei muito contente. A campanha de doações que estou fazendo pode doar qualquer quantia no Banco do Brasil agencia 3082-1 conta 9.799-3 ou pode doar livros ou pode doar máquina de costura ou pode doar retalhos,ou pode doar computadores usados. Qualquer tipo de doação será bemvinda é só mandar-me um email para: asilvareis10@gmail.com , eu darei o endereço de remessa. As doações em dinheiro serão destinadas a compra de livros,material de construção,estantes,mesas,cadeiras,alimentos,etc. Se voce puder arrecadar doações para doar ao meu projeto serei eternamente grata. Muito obrigado pela sua atenção

Ogre disse...

Querida(o) nov(o) amiga(o), estou precisando muito de novos amigos pra me auxiliarem no meu projeto. Estou precisando de um carro novo que o meu está bom para a sucata.Não posso levar as crianças num veículo tão perigoso. Qualquer tipo de doação será bemvinda é só mandar-me um email para mim. Se voce puder arrecadar doações para doar ao meu projeto serei eternamente grato. Muito obrigado pela sua atenção.

Anónimo disse...

O grafiti é uma arte que ganha pela simplicidade e ao mesmo tempo detalhe. Não acho que isso possa mudar assim apenas por se tornar uma arte de museu.
Até porque os "putos de rua" vão sempre dar continuidade a esta arte "publica".
E hoje em dia, mesmo em Portugal, já existe bastante incentivo a estes artistas. No bairro alto por exemplo, já assisti à criação de algumas obras sem que houvesse o risco de ter "problemas legais". E mesmo eu já participei em alguns eventos onde qualquer pessoa (sem nome) pode deixar uma marca.

HS

MUMIA disse...

GOSTEI do grafiteiro.
ARTE NAS RUAS JÁ!!!!

Silvares disse...

Eduardo, grato pelo elogio.
:-)

Caçador, estás à vontade. O Tattooed City é um blogue de referência nesta área.

Lina, também na arte dos museus há muita falta de elegância à mistura com o melhor dos bons gostos!

Peri, a "boa arte" é aquela que não é "má arte" nem "arte mais ou menos".
:-D

Madoka, a questão que colocas é pertinente e merece reflexão.

Luma, é a Cidade Tatuada, como diz no título do blogue do Caçador.

Anareis, espero que te corra bem a vida.

Ogre, sugiro que utilizes os transportes públicos.

HS, ainda é cedo para se escrever a História da coisa. Força nas pinturas.

MUMIA, grande grafiterio, sem dúvida!

MUMIA disse...

Não desistas da nossa MUMIA.
einhhh????

jugioli disse...

Arte boa não se define pelo suporte que usa, é simplesmente arte. E que maravilha de arte!!!

bjs.

Beto Canales disse...

Excelente post

croqui disse...

pois é! é uma forma de arte que nós por cá, como espectadores, ainda deixamos muito a desejar!

Silvares disse...

MUMIA, estou em "standby"...

Ju, estou de acordo.

Beto, grato pela observação. Fico vaidoso.
:-)

Croqui, se calhar é isso, a qualidade da arte tem algo (muito?)a ver com a qualidade do espectador!

Merce disse...

Caçador foi moi amable en convidarnos a pasar por eiqui, veño da sua parte Quedo abraiada desta arte que ata agora descoñecia, quizais por non fixarme nos detalles, pola caseque pouca educacion dos nosos ollos perante a arte das ruas, arte xeralmente anonima pero grandiosa.

Un afectuoso saudo :)