quinta-feira, agosto 20, 2009
A 800 metros do sexo feminino
Ontem à noite estava eu a fazer zapping entre os milhentos canais da televisão, quando passei pelo Eurosport e fiquei a ver um resumo das provas do dia dos campeonatos mundiais de atletismo que estão a decorrer em Berlim. As imagens eram da corrida dos 800 metros femininos e uma das atletas, com um equipamento algo diferente dos restantes, comandava com aparente facilidade. Tudo bem, já se sabe que nestas corridas rápidas há sempre quem se lance na frente durante uma volta ou volta e meia e, no final, ao sprint, veja passar em alta velocidade as adversárias que guardaram forças.
Mas, desta vez, a comandante do pelotão não fraquejava nem um pouco. Antes pelo contrário. Com um estilo de corrida pouco usual, parecendo mais dar grandes passadas, como se caminhasse muito depressa, quase sem saltar entre um passo e outro, Caster Semenya, uma jovem sul-africana de 18 anos de idade, ia cavando a distância para as suas mais directas competidoras, acabando por vencer com uma distância e uma facilidade inesperadas em relação à segunda classificada, a queniana Janeth Jepkosgei, anterior campeã mundial. As 3ª e 4ª chegaram em cima da 2ª, num sprint espectacular e admirável. Longe da vencedora que parecia ter ido ali correr como se estivesse apenas com receio de se atrasar para apanhar o comboio.
Quando a imagem focou de perto a vencedora (nunca antes a tinha visto) pareceu-me pouco feminina. A forma como caminhava, gingando os ombros e flectindo os joelhos a cada passo, fazia lembrar um jovem rapper. A ausência de peito e uma espécie de buço a emoldurar-lhe os lábios completavam a sensação de se estar perante um rapaz e não uma rapariga.
Outro pormenor estranho; Caster não parecia muito feliz, ainda menos eufórica, ao contrário das outras medalhadas que sorriam e saltavam de contentamento, Caster sorria pouco ou nada. Algo incomodava aquela campeã.
Hoje, ao ler os jornais, lá vinha a notícia "IAAF quer saber se campeã dos 800 metros é uma mulher". A feminilidade da campeã é posta em causa. Tudo bem. Maria de Lurdes Mutola, uma anterior campeã moçambicana na mesma distância também parecia um homem. Ao que parece suspeita-se que Caster seja hermafrodita.
Fiquei a pensar no caso. Onde poderão competir os atletas hermafroditas? Com os homens? Com as mulheres? Ou terá de ser criada uma competição especial exclusiva? Teria a sua piada, numa corrida de 800 metros para o campeonato do mundo para atletas hermafroditas, a campeã ser posta em causa, sob suspeita de ser uma mulher, tendo de provar o contrário sob o risco de lhe ser negada a vitória.
A finalizar, uma curiosidade retirada do Público: "(...) em 1992, no seguimento de testes laboratoriais realizados nos Jogos Olímpicos de Inverno e de Verão, chegou-se à conclusão que um em cada 500-600 desportistas analisados teria problemas na determinação do sexo".
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5 comentários:
Um caso ESPAMPANANTE!!!!
JP, e aí? TUdo bem contigo?
Pois é, ainda hoje, Orlando, meu marido e eu estavamos falando sobre essa moça. E ele afirma que o COE - Cometê Olímpico Internacional faz exames em todos os atletas para verificarem que se não há problemas desse tipo, como hermafroditas. Há que se acreditar no COE, a moça realmente não é bonita, nem feminina, mas... há o "selo" de que ela é uma mulher. Outra coisa que ela também não parece ser, é tão novinha... Apenas 18 anos!! Parece muito mais.
Lembramos das alemãs que tomavam por ordem do governo anbolizantes, hormônios, verdadeiras bombas para ficarem "possantes" ... até que tudo foi descoberto! Uma vergonha!
Sempre pegam coisas desse tipo, mas há casos e casos!
Vamos ver.
Um grande beijo, é sempre bom vir aqui.
CON
ON
N
estes casos...cada dia mais uma incognita...como o "sexo dos anjos"!...acho que assim vai continuar! ;-(
Pelo menos ela(e) não coçou o saco.
Eduardo, espampanante, sem dúvida. Mas acho que o Usain Bolt, campeão e recordista dos 100 e dos 200 metros planos, também devia ser submetido a testes que provem que ele é humano.
:-)
Conceição, um ministro sul-africano argumentou que o problema é que ela é negra e lá daquele país. Estava maluco, decerto, uma vez que as campeas negras são mais que muitas e aclamadas nos estádios! O pormenor interessante foi que ele disse não duvidar da feminilidade da moça e disse ainda que ela é (e passo a citar) "uma bela mulher". Caramba!!!
Ví, os anjos não têm sexo. Toda a gente sabe que sao uma coisa entre lá e cá- Nem homem nem mulher, nem mamífero nem galinha. Já estas pessoas são rais e ninguém lhes dá uma aberturazinha para uma vida mais descansada. Porque desconfiamos tanto de quem é um de nós?
Peri, talvez não tenha saco para coçar. Sim, porque se tivesse saco, havia de coçá-lo depois de uma corrida daquelas!
:-D
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