imagem do filme "Eu, robô"
Quando era pequeno os meus avôs (as avós não entram nesta história) quando esticavam a mão não cumprimentavam as pessoas, davam-lhes um "passou-bem". Incentivavam-me a dar um "passou-bem" tanto a conhecidos como a desconhecidos, em sinal de cortesia. A cortesia devia ser sempre o ponto de partida para qualquer contacto com outra pessoa. Claro está que nem sempre a cortesia era sustentável, mas isso é outro caminho, caminho pedregoso, em direcção à floresta selvagem.
Foi assim que me ensinaram. Quando encontro alguém e faço um cumprimento, no meu espírito forma-se aquela palavra, quase uma frase; "Passou-bem?" O contacto estabelecia-se indagando cortêsmente o outro sobre a forma como se sentia, basicamente perguntando se estava de boa saúde. A resposta não é (não era) o mais importante, normalmente é (seria) "Bem, muito obrigado."
Mais tarde, numa aula qualquer, era eu ainda uma criança, um professor contou que, em certos lugares (penso que o professor referiu a Índia, não me recordo com precisão) as pessoas se saudavam umas às outras com uma fórmula completamente diferente; "Já comeu hoje?" Fiquei estupefacto. A revelação foi tremenda! A forma como comunicamos depende de tantos dados específicos que varia enormemente de um lugar para o outro, de um grupo social para outro. Compreendi a diferença como ponto essencial para entrar na vida quotidiana. Isto já foi há muitos anos e nem sei bem porque me lembrei hoje de tal coisa.
Como será que as pessoas se cumprimentam no Irão? Qual a fórmula utilizada na China?
Procurando uma imagem para ilustrar este post apercebi-me de outra variação. Em inglês o termo utilizado para designar o que em Portugal chamamos "aperto-de-mão" é "hand shake", traduzido livremente à letra poderia ser "abano de mão". Nós apertamos, eles abanam, mas, lá no fundo, estamos todos a dar um "passou-bem".
4 comentários:
Olá Silvares.
Aproveitando o seu gancho para outras florestas, percebo quantas vezes somos o rôbo, quantas vezes de fato perguntamos querendo ouvir a resposta e quantas outras queremos dizê-la. Um tempo que não temos ou não queremos ter.
Paralelo á isso temos também a primeira impressão deixada, o bom costume de cumprimentar, seja usando termos incomuns para essa ou aquela etnia, mas sabendo que palavras tão incomuns a nós pode querer dizer o que as nossas dizem.
Abraços,
Selena
Cortesia;Qualidade do que é cortês.
Delicadeza; urbanidade.
esticavam a mão...quanto a isso faço aqui um adendo, tem cada mão que cumprimento, que as vezes dá pra conhecer o sujeito pelo aperto das mãos rs. Tem gente que estende a mão mas é uma mão que não diz nada, tem outras mãos que apertam com firmeza, enfim, o aperto diz muita coisa rs. Aqui no Japão, não tem esse costume do aperto de mão, e muito menos beijinhos. A forma mais comum é inclinar-se pra frente, pode parecer fácil, porém é mais complicado que parece rs.
um aperto de mão
madoka
...agora um novo ritual...um aperto de mão e em seguida... alcool gel! Triste.
Beto, dá que pensar... "a minha pátria é a língua portuguesa" disse Pessoa. É a nossa pátria, diremos nós.
Gemária, nem sei que lhe possa dizer. Lamento e... tenha força.
Selena, há coisas que são universais. O sorriso parece ser uma dessas coisas. As saudações variam na forma como pretendem significar respeito e amor pelo próximo.
Madoka, os japoneses estão mais resguardados da influência maligna do vírus H1N1!
Ví, será que os vírus pretendem impedir que os seres humanos se toquem? Serão inteligentes ao ponto de nos obrigarem a manter distâncias?
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