Todos os anos, o parasita da malária infecta 200 a 500 milhões de pessoas no mundo e mata um a dois milhões. Então, o que é que protege naturalmente da morte a esmagadora maioria dos infectados? A equipa de Miguel Soares, do Instituto Gulbenkian de Ciência, em Oeiras, acaba precisamente de descobrir um mecanismo de protecção natural contra as formas graves da malária e hoje publicou os resultados na revista norte-americana “Proceedings of the National Academy of Sciences”.
Esta notícia (ler aqui) é motivo de regozijo, evidentemente. Mas o que me chamou a atenção foram os números, logo a abrir; "Todos os anos, o parasita da malária infecta 200 a 500 milhões de pessoas no mundo e mata um a dois milhões. " Ena, tanta gente, não é? Porque motivo não andam as grandes companhias farmacêuticas frenéticamente empenhadas na busca de um medicamento que ponha fim a este flagelo? A resposta parece óbvia, a malária não é uma doença económicamente interessante já que a sua incidência se verifica em zonas e em países onde as populações têm um nível de vida próximo da miséria mais abjecta. Como já foi frisado num post anterior, a gripe A é uma mina de ouro (aqui não se aplica a imagem da Galinha dos Ovos de Ouro, por ser uma gripe suína, Porco dos Ovos de Ouro não ficava bem...) por ser uma doença que ataca nos países desenvolvidos da mesma forma que nos países mais pobres.
Tudo indica que a pandemia da paranóia a que assistimos com o aumento de casos de H1N1 tem motivações mais do foro económico que do foro de uma preocupaçao genuína com a Saúde Pública. Isto mostra como a nossa sociedade global é gerida. Não são motivações humanitárias que estão na génese das guerras mais recentes. O Iraque foi um caso óbvio. Não é a preocupação com os direitos humanos que dita as grandes linhas da diplomacia como podemos constatar quando observamos a forma como a comunidade internacional lida com Angola ou com a Birmânia. Não. O que move a globalização é o sujo e vil metal. Só o dinheiro interessa a quem o tem. Nada mais. Nadinha! Quando vemos aqueles senhores enfatuados a discursar com cara de enterro, preocupados com os males do mundo enquanto remexem os bolsos por debaixo da mesa, estamos a assistir ao grande embuste global.
10 comentários:
é uma triste verdade.
É verdade, doença de país pobre tem tratamento de segunda! Claro, país pobre não tem recursos para pagar pesquisa, e muito menos para comprar os medicamentos. Os laboratórios são empresas comerciais, logo visam lucro. Posto isso, tudo se explica!
...O òtimo " O Jardineiro Fiel " disse TUDO !! De arrepiar os cabelos!!!
Beto, nos últimos tempos a verdade anda um pouco triste. Ou é apenas impressão minha?
Eduardo, o dinheiro é o motor, é combustível é até divindade. O dinheiro é tudo! Ou talvez não...
Ví, concordo plenamente.
Mainada!
Pertinente, verdadeira e maldita reflexão!
A foto
então
é um
pesadelo...
Quando morava em Belém, apanhei várias malárias. Na primeira ( uma dupla ) quase morri, pois tratei como se fosse uma gripe, e quando me dei conta estava anêmico e prostrado! Quase fui!
Sequelas? Sim, meu fígado é imprestável, e não posso doar sangue!
os dias ondulam amarelos em todos os trigais... certos e incertos...
o mundo inteiro está germinando de moscas, que voam de planta em planta.
bjs.
Perverso!
Ver também o assunto "Tamiflu, Rumsfeld e o negócio do medo", abordado em vários blogues.
Está muito bem dito e escrito!
Sabe bem ler a força de um texto assim!
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