"Os ricos que paguem a crise!" Quantas vezes esta palavra de ordem foi gritada nas ruas? Gritou-se, gritou-se e... os ricos não só não pagaram crise nenhuma como ainda por cima geraram uma outra com aspecto mais feroz e bem mais devoradora.
As empresas fecham por todo o lado ou reduzem dratiscamente o número de trabalhadores. Em Portugal, por exemplo, os números do desemprego dispararam em direcção à lua e, não tardam, estão a atingi-la. A sociedade civil tenta minorar o problema apelando à solidariedade de todos para que se consiga evitar, pelo menos, a fome entre os que estão mais desprotegidos. Gotinhas de água num oceano ácido. Mas não é só em Portugal que a crise assume o aspecto de um monstro descontrolado. É em todo o mundo ocidental.
Os 20 países mais ricos do mundo resolveram fazer a sua reuniãozinha da ordem em Londres. Má ideia. A capital britânica é um planeta dentro do planeta e está em efervescência. Manifestações para trás e para a frente, a violência assoma à flor da pele e há distúrbios pelas ruas. Sente-se uma instabilidade incrível e nem São Obama nos vale. Estará a nossa sociedade à beira da falência nervosa? Até onde irá tudo isto?
Aguardemos.
Ouço um autocarro lá em baixo, na rua, uma vozinha de criança lá ao fundo, um riso. Por enquanto tudo continua na paz do Senhor aqui, no país dos brandos costumes. A crise não se vê. Instala-se dentro das pessoas, cresce no remanso dos lares, é como um vírus. Teme-se que a segurança pública venha a ser afectada. Já há ministros que falam dessa possibilidade. Parece impossível. Mas quem perde tudo fica sem nada para perder. E isso é o rastilho que cresce à espera de um fósforo que lhe venha fazer companhia.
Aguardemos...
10 comentários:
hmmm
São Obama não salva ninguém, como eu já havia dito... E o mundo já está começando a perceber aos pouquinhos...
Alice, que precipitação. Agora que basta um rastilho, basta. O G20 colocou a fasquia muito alta. Ou sai dali fumo branco evidente (funcionamento do crédito para as famílias, a revitalização do crédito internacional e a regulação efectiva dos mercados financeiros) ou isto pode mesmo complicar-se!
Rapaz Silvares, o teu último parágrafo, deixa-me dúvidas.Do teu ponto de observação avistas uma crise doméstica invisível? Crescendo no remanso dos lares? Como assim, com a catadupa de desemprego diário? Com a promessa indefinida de continuação desse fluxo, com a impotência do governo para controlar o capital financeiro? Ou vives no rés-do-chão, ou o teu ponto de vista é tão aéreo que perdes o detalhe. De qualquer dos modos não é apenas receio do que possa acontecer. É receio que nos entre pela casa, como a outras pessoas do nosso bairro (ou aos nossos amigos, não é?)
Aguardemos.
Enquanto não sentirmos mesmo na pele a crise, ela passar-nos-à ao lado. Até agora não a senti directamente, secalhar sou um sortudo.
Essa imagem do Darth Vader.. :)
A crise a quem a produz!
Nós pagaremos a conta. Nós e os menos afortunados.
Ó Beto... Pagaremos?
Parece que se fez um crédito a longo prazo, do género compre agora o seu carro e comece a pagá-lo depois das férias! Nas crises não há crédito nem pagamentos a 90 dias, é-se facturado de imediato.
A não ser que se esteja a penitenciar por ter deixado, também, os fazedores da crise à vontade, abotoando-se com a massaroca pública. Se for isso... É juntar-se aos demais! Ou então encharque-se em futebol e minis com tremocitos e deixe passar o pior, no fim de contas já não é a primeira e nessas outras não morreu assim tanta gente. E os que morreram, ou estavam lá para longe, Áfricas e assim, ou nem deram pelo que lhes aconteceu, pela dose de intoxicação.
(Vamos ver como acaba isto tudo)
Alice, Obama é presidente dos EUA e não do resto do mundo. Assim sendo tem uma posição (muito) bem determinada à partida.
Jorge, temo que a cor do fumo que vai dali sair seja outra.
Luis M., eu sou assim, tenho esta espécie de superpoder à boa maneira dos heróis de BD de série Z. Vejo dentro das pessoas. Vejo mesmo o que lá não está ou não existe. É um poder e pêras, não?
Tiago, diz o ditado "enquanto o pau vai e vem folgam as costas". Atenção que o pau está a vir. O Darth Vader tem a ver com aquela outra frase célebre: "come to the dark side (we have cookies)".
Chapa, a crise depois de produzida, é devidamente distribuída de maneira a que ninguém fique sem a sua quota parte.
Beto, nós pagamos sempre desde o momento em que pomos a cabeça de fora das nossas mães. A questão é apenas saber se nos custa muito ou pouco esse pagamento. Até aqui não me posso queixar.
Luis M., não sei se percebeste mas o Beto é brasileiro e vive no Brasil. Não me parece que compreenda nuito bem essa cena das "minis com tremocitos". Há diferentes perspectivas da forma como a coisa se movimenta, ó morcão.
RapazSilvares, pois, a crise não chegou ao Brasil! Deve ser porque o Brasil está em crise constante, não notam a diferença!
Pois e tu lá sabes, com esse poder extraordinário que tens, de certeza que avalias as coisas melhor que eu. Mas confirma lá se não o tens desfocado, porque estás a vê-la um bocadinho longe. Bom, ocorreu-me agora, deves ser rico! Bom nesse caso bate certo, a crise está distante e é até uma boa oportunidade para aumentar o pecúlio, quanto mais não seja porque, para evitar a ruptura social completa, o sistema está contendo so preços até onde puder (não faz mal o desemprego compensa). Quem puder assegurar rendimentos um naco acima da podreza até vai sobreviver observando!
Boa rapaz, desta safaste-te, mas não coloques o carcanhol num sítio qualquer, nem debaixo do colchão, podes, em ambos os casos ser assaltado!
Como diria o Vale e Azevedo, a vida pertence aos audazes!
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