sexta-feira, dezembro 05, 2008

Atrás dos tempos vêm tempos e outros tempos hão-de vir...

Turner Prize Short List 2008


Esta semana foi mais curta do que as outras. Pareceu-me mais curta mas, provavelmente, não foi. A verdade é que o tempo se esgueirou à minha frente, sempre a correr e eu atrás, feito mamute, nunca fui capaz de o acompanhar. Eis que, de súbito, é já sexta-feira e eu a patinar ainda na segunda. O tempo tem destas coisas. Não há nada a fazer senão imaginar que o tempo existe para lá dos relógios, para lá dos calendários, fora das páginas fechadas das agendas. Imaginar que somos nós que nos alimentamos de tempo e não o contrário, que não é o tempo que nos enfia de uma só vez na sua imensa boca e nos mastiga como se fôssemos chiclete de banana, que somos nós que o mastigamos indolentemente e o deitamos fora quando já perdeu todo o sabor. Cuspir o tempo é que era!

Aconteceram tantas coisas dignas de registo entre a segunda-feira que não passou e esta sexta-feira que se calhar ainda é segunda. Um tal de Mark Leckey ganhou o Turner Prize. Coube a Nick Cave o papel de anunciar o nome do vencedor. Pronto, nunca tinha ouvido falar do artista mas já vi o velho Nick uma mão-cheia de vezes no palco. A coisa fica assim equlibrada. O tempo de conhecer nomes não é igual ao tempo de os dizer.

A ministra da educação deu várias cambalhotas dignas de uma arena circense e fiz greve e fartei-me de falar sobre as razões dos protestos e das reivindicações dos professores e hoje estou um pouco surpreso e algo confuso com os últimos acontecimentos. O tempo a baralhar-se todo em discursos pouco claros.

Outra revelação surpreendente foi a afirmação de Bush dizendo que não estava preparado para a guerra, confessando ainda que houve falhas de informação sobre as armas de destruição maciça que levaram à invasão do Iraque. Coitado, está arrependido. Entretanto não houve uma palavrinha para o fantasma de Saddam, condenado à morte e executado no meio desta salsada toda. O tempo não volta para trás.

O rescaldo dos atentados de Bombaim apenas sublinha a extrema fragilidade das sociedades contemporâneas perante o fanatismo fundamentalista do terrorismo internacional. O sangue corre como água e não parece haver nada a fazer para o parar. Vivemos tempos difíceis.

Vi em casa um filme excelente. Lars and the Real Girl. Brilhante. Ainda podemos imaginar que o tempo nos reserva momentos de extrema felicidade.
É tempo de fechar a loja. Até amanhã.



7 comentários:

Beto Canales disse...

Em tempo: bom final de semana, amigo.

Alice Salles disse...

E que no fim de semana o tempo, não corra de ti! E não creio que o Buish esteja arrependido, acho que ele não entende MESMO o que fez no período que ficou como presidente. Creio mesmo que seja tamanho o VAZIO entre as orelhas daquele seboso.

Beijos!

Silvares disse...

Beto, está a chover. Aquilo a que chamamos "mau tempo". Mas a chuva é benéfica (se não cair em demasia).

Alice, Bush faz-me pensar como a nossa civilização pode gerar monstros que agem negativamente sobre o resto do mundo em nome dela. Outras culturas olham para o Ocidente e vêem a face de Bush. É má publicidade. Como será agora que a face visível passará a ser de Obama?

Jorge Pinheiro disse...

Bush não é monstro. É apenas um homem que quis deixar de beber... esse é que foi o disparate.

Silvares disse...

Jorge, essa é uma observação que ainda não me havia constado. É bem visto, sim senhor, a abstinência, nalguns casos, é pior que a maior das bebedeiras!

MUMIA disse...

Lars...e a sua amiga Bianca, boneca insuflável...
=.0

Anónimo disse...

O Mark leckey diz que se inspirou nos desenhos animados.
:p