O dinheiro é ficção. Agora que a crise está a chover um pouco por todo o mundo já não dá para continuar a esconder essa evidência. O dinheiro não existe! Quando nos dizem que a dívida externa é de não sei quantos milhões estão a fazer poesia económica. Quando nos explicam que o investimento público necessário para debelar a força dessa crise é de tantos triliões estão a contar-nos uma história para nos adormecer o medo. O medo de vermos o nosso quotidiano a ganhar contornos de filme de terror.
E a crise chove. Nuns países é tempestade tropical, noutros chuvisco apenas, noutros ainda trovoada que se adivinha pelo horizonte carregado de cinzentas nuvens e pássaros voando baixinho. E os pássaros piam, deixando no ar um rasto arrepiante.
O dinheiro é uma mentira que nos impingem para nos fazerem acreditar que somos ricos enquanto os ricos nos fazem acreditar que são mais ou menos pobres e tudo não passa de uma ilusão barata, um truque de feira, um conto de fadas daqueles contos antigos em que os meninos eram devorados pela bruxa e não havia final feliz.
Olho para o interior da minha carteira e vejo algumas notas. São papéis. Simples papéis. Pequenas páginas do grande livro que encerra esta mentira que teimamos em tomar por verdade indiscutível. Não tenho outro remédio senão acreditar. Vou acreditando. Enquanto a chuva não cair com demasiada força vou continuar a jogar este jogo de faz-de-conta-que-aquele-dinheirão-todo-existe. Mas eu sei que não existe. O que existe somos nós. O resto é mera ilusão de óptica.
7 comentários:
Vai para o VARAL. E iria para o BLOG VICIADO se pudesse aparecer mais de uma vez ao ano!
Parabéns!
Vamos acreditando, fazer o que? Nos prenderam na realidade que ELES criaram, e gritam em nossas caras "voce não pode viver num mundo de faz - de -conta", ora, pois eu vivo no deles! Porque não posso viver no meu!?
O dinheiro foi inventado para maior comodidade nossa. Assim evitam-se as trocas em espécie. O dinheiro em si é uma boa invenção. Salvo para quem quiser voltar à pré-história. O problema é a utilização especulativa que se faz dele.
Olha, já tou deprimida outra vez. E depois admiram-se que eu ponha poemazinhos lúgubres no meu blog!Raisparta!
Eduardo, disponha.
Alice, os faz-de-conta todos somados fazem uma grande realidade.
Jorge, o problema é não haver freio nos dentes dos comilões.
Roserouge, não há nada como um guarda-chuva com um copinho em cila!
Queria dizer "com um copinho em cima"...
... para apanhar umas gotas de chuva...
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