terça-feira, outubro 28, 2008

Fantasmático


Ontem vi "Os Fantasmas de Goya", o filme de Milos Forman inspirado no genial pintor espanhol. O realizador assinou alguns filmes que considero muito bons e que já vi mais do que uma vez (alguns até mais que duas e três vezes). "Voando Sobre um Ninho de Cucos", "Amadeus" ou "Homem na Lua" estão nessa categoria. "Os Fantasmas de Goya" não vai fazer-lhes companhia. Vi, pronto, está visto.

Nada a dizer sobre a qualidade do elenco. Nada a dizer sobre a reconstituição dos cenários ou a qualidade do guarda-roupa e dos penteados. Tudo 5 estrelas. O que me parece falhar, não sei bem porquê, é o argumento. Há ali qualquer coisa que não cola, uma urgência narrativa qualquer, um olhar obcecado por alcançar um fim pré-determinado, como se o realizador estivesse sempre a filmar a mesma coisa em cada cena, não sei explicar com clareza.

Acho que é um filme razoável, o que já é meio elogio. A única coisa que não resulta de todo, o pormenor de (muito) fraca qualidade, são alguns dos adereços, nomeadamente as pinturas que Stellan Skarsgård/Goya vai pintando ao longo do filme. Não é preciso ser-se um entendido para perceber que aquelas pinturas, melosas e lambidinhas, nunca poderiam ter saído do pincel do Mestre. Daí que os planos que enquadram essas telas, principalmente o retrato de Natalie Portman/Inês Balbútia, caiam num certo ridículo absolutamente a despropósito e perfeitamente evitável.

Seja como for, a força das gravuras de Goya (a sequência que mostra o processo de produção das chapas até à impressão em papel é de um didatismo assinalável) acaba por atenuar a fragilidade dos adereços acima referida, equilibrando o resultado final.

Enfim, um filme a ver, nem que seja apenas por uma vez.

9 comentários:

peri s.c. disse...

Mais um daqueles filmes para ser visto na TV

Beto Canales disse...

Javier Bardem eu considero um dos melhores atores da atualidade. Desta nova safra se destaca de longe. Vou ver, é claro, mas agora com algum pé atrás.

Silvares disse...

Peri, é isso mesmo. Um bom filme para ver sentado no sofá (ou deitado no chão:-).

Beto, podes ver sem receio. Apenas não é um grande filme. Digo eu.

Alice Salles disse...

Não me parece um grande filme e não fiquei com vontade de ver! hahahaha Adoro teu blog. Detesto a urgência de alguns cineastas em determinadas histórias. Cinema não é urgência, é no silêncio que descobrimos o que está a ser desvendado.

Silvares disse...

Alice, a qualidade dos comentários contribui para melhorar este blogue!
:-)
Quanto ao filme, acho que dá para ver, como diz o Peri, em casa, na TV. Também não me parece que ainda possa ser visto numa sala de cinema. Mas, em termos visuais, tem algumas qualidades interessantes...

Ví Leardi disse...

Pequeno mundo..já o tenho alugado desde terça...hoje que (ufa) tenho tempo uma, seção da tarde com pipoca...depois volto.

Só- Poesias e outros itens disse...

Silvares, concordo plenamente com você, há algo no filme que incomoda.
A meu ver, o que me interessou foi ver que um grande pintor como Goya que em suas gravuras, traz a força de uma época tão conturbada pelas questões religiosas e políticas, e sendo retratada por ele com genialidade, nos faz compreender o tema de sua arte.

Silvares disse...

Ví, não é o mundo que é pequeno, é outra coisa... só não sei qual! Acho que me esqueci.
:-)

Ju, Goya é uma das minhas referências. Folheio frequentemente livros com imagens dele. Tenho uma admiração extraordinária pelas suas pinturas negras.

Anónimo disse...

Oie! Gostei do filme.
Algumas coisas forçadas.
Mas, pra minha intelectualidade mediana, o filme acontece.
Achei o Goya convincente e teu
teu blog tb.