Ontem vi "Os Fantasmas de Goya", o filme de Milos Forman inspirado no genial pintor espanhol. O realizador assinou alguns filmes que considero muito bons e que já vi mais do que uma vez (alguns até mais que duas e três vezes). "Voando Sobre um Ninho de Cucos", "Amadeus" ou "Homem na Lua" estão nessa categoria. "Os Fantasmas de Goya" não vai fazer-lhes companhia. Vi, pronto, está visto.
Nada a dizer sobre a qualidade do elenco. Nada a dizer sobre a reconstituição dos cenários ou a qualidade do guarda-roupa e dos penteados. Tudo 5 estrelas. O que me parece falhar, não sei bem porquê, é o argumento. Há ali qualquer coisa que não cola, uma urgência narrativa qualquer, um olhar obcecado por alcançar um fim pré-determinado, como se o realizador estivesse sempre a filmar a mesma coisa em cada cena, não sei explicar com clareza.
Acho que é um filme razoável, o que já é meio elogio. A única coisa que não resulta de todo, o pormenor de (muito) fraca qualidade, são alguns dos adereços, nomeadamente as pinturas que Stellan Skarsgård/Goya vai pintando ao longo do filme. Não é preciso ser-se um entendido para perceber que aquelas pinturas, melosas e lambidinhas, nunca poderiam ter saído do pincel do Mestre. Daí que os planos que enquadram essas telas, principalmente o retrato de Natalie Portman/Inês Balbútia, caiam num certo ridículo absolutamente a despropósito e perfeitamente evitável.
Seja como for, a força das gravuras de Goya (a sequência que mostra o processo de produção das chapas até à impressão em papel é de um didatismo assinalável) acaba por atenuar a fragilidade dos adereços acima referida, equilibrando o resultado final.
Enfim, um filme a ver, nem que seja apenas por uma vez.
9 comentários:
Mais um daqueles filmes para ser visto na TV
Javier Bardem eu considero um dos melhores atores da atualidade. Desta nova safra se destaca de longe. Vou ver, é claro, mas agora com algum pé atrás.
Peri, é isso mesmo. Um bom filme para ver sentado no sofá (ou deitado no chão:-).
Beto, podes ver sem receio. Apenas não é um grande filme. Digo eu.
Não me parece um grande filme e não fiquei com vontade de ver! hahahaha Adoro teu blog. Detesto a urgência de alguns cineastas em determinadas histórias. Cinema não é urgência, é no silêncio que descobrimos o que está a ser desvendado.
Alice, a qualidade dos comentários contribui para melhorar este blogue!
:-)
Quanto ao filme, acho que dá para ver, como diz o Peri, em casa, na TV. Também não me parece que ainda possa ser visto numa sala de cinema. Mas, em termos visuais, tem algumas qualidades interessantes...
Pequeno mundo..já o tenho alugado desde terça...hoje que (ufa) tenho tempo uma, seção da tarde com pipoca...depois volto.
Silvares, concordo plenamente com você, há algo no filme que incomoda.
A meu ver, o que me interessou foi ver que um grande pintor como Goya que em suas gravuras, traz a força de uma época tão conturbada pelas questões religiosas e políticas, e sendo retratada por ele com genialidade, nos faz compreender o tema de sua arte.
Ví, não é o mundo que é pequeno, é outra coisa... só não sei qual! Acho que me esqueci.
:-)
Ju, Goya é uma das minhas referências. Folheio frequentemente livros com imagens dele. Tenho uma admiração extraordinária pelas suas pinturas negras.
Oie! Gostei do filme.
Algumas coisas forçadas.
Mas, pra minha intelectualidade mediana, o filme acontece.
Achei o Goya convincente e teu
teu blog tb.
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