segunda-feira, agosto 04, 2008

Esfaqueie-se a censura (Afinal parece que me enganei...)

Recebi esta mensagem no meu e-mail. Procurei encontrar uma confirmação para o discurso que a seguir transcrevo mas não fui capaz de o fazer. Não fiz uma busca exaustiva mas, no final da mensagem que recebi, chamam a atenção para o facto de o discurso ter sido censurado. Correndo o risco de estar a postar algo que carece de confirmação, resolvi fazê-lo pela originalidade das ideias contidas na mensagem e pela lucidez do discurso, seja ele verdadeiro ou não. Talvez os amigos brasileiros que visitam o 100 Cabeças possam acrescentar algo, confirmando ou não a veracidade do discurso que se segue.




Discurso do Ministro Brasileiro da Educação nos EUA...Durante um debate numa universidade dos Estados Unidos o actual Ministro da Educação CRISTOVAM BUARQUE foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia (ideia que surge com alguma insistência nalguns sectores da sociedade americana e que muito incomoda os brasileiros).Um jovem americano fez a pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um Brasileiro. Esta foi a resposta de Cristovam Buarque :



" De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso.Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também a de tudo o mais que tem importância para a humanidade.Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro... O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não seu preço.Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono ou de um país.Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França.Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar esse património cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.Não faz muito tempo, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida.Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola.Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro.Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo.Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa.Só nossa! "


ESTE DISCURSO NÃO FOI PUBLICADO. AJUDE-NOS A DIVULGÁ-LO porque é muito importante... e porque foi CENSURADO!


A mensagem que recebi termina com este apelo. Se na realidade houve censura do discurso de Cristovam Buarque, façamos eco das suas palavras. Todas as facadas que possamos infligir no monstro da censura serão óptimas facadas pois esse bicho não merece mais que a morte violenta.

Depois dos comentários feitos a este post e graças às indicações que me foram dadas pelo Albino nesses comentários pude verificar que o discurso de Cristovam Buarque teve larga difusão na NET e, tanto quanto pude perceber, no Brasil inteiro. Os rumores desse discurso chegaram a este lado do Atlântico e, imagino, espalharam-se um pouco por todo o planeta. Como nota o Eduardo, não parece ter havido censura às palavras de Cristovam. Assim sendo, caro e eventual leitor, fiquemos pela força das ideias de C. Buarque que, apesar de terem sido proferidas há um bom par de anos, não perderam interesse nem actualidade. A questão da protecção da floresta voltou à ordem do dia com a criação do Fundo da Amazónia.

Apesar do equívoco global deste post, o título (fora do parêntesis) mantém toda a sua força absolutamente intacta.

4 comentários:

Anónimo disse...

Silvares,

o discurso é realmente do Critovão, e foi muito divulgado aqui no Brasil, agora sobre a tal censura NADA ouvi ou li. E me parece estranho que tenha sido, depois de tão divulgado.

Abçs

Silvares disse...

Obrigado pela nota informativa Eduardo. Postei esta carta recebida por e-mail com as devidas reservas. Também me parece estranho haver censura neste caso mas lá que é um belo discurso, disso não tenho dúvidas! Mas também não deixa de ser estranho que não apareça logo no Google... ou aparece? Não encontrei.

Anónimo disse...

Oi Rui. Também achei este discurso magnífico, por isso o postei em Abri de 2008.
Em consultas que fiz na altura, conclui que já era de 2000, mas mesmo assim, pela sua originalidade valia bem a divulgação.
Quanto a ter sido censurado, não me lembro de alusões directas a isso, salvo o facto de o homem ter sido despedido pelo Lula… em 2004.
Nesse post de Abril de 2008, encontras hiperligações com mais informação sobre o texto que se chama “Internacionalização do Mundo” e também sobre o autor.

Silvares disse...

Obrigado Albino. Vou dar uma olhadela. Começo a pensar que me precipitei na postagem!