Passou o 11 de Setembro e nada. O Mundo continua a girar, a girar, a girar sem parar. Deve ser por isso que o mundo parece estar sempre tonto. As datas não têm aquele poder mágico que, por vezes, lhes atribuímos. Basta lembrar a célebre noite de passagem de ano para o século XXI.
O mundo ia acabar.
Bom, esta era difícil de engolir, mas, mesmo assim, houve muito boa gente que, pelo sim, pelo não, lá foi encomendando a alminha ao Criador. Seja como for convém chegar a uma data deste calibre com a consciência mais ou menos tranquila e limpa de lixo que se note demasiado. Entre os católicos há aquela cena do arrependimento que, ao que parece, pega bem com o Deus deles. Esfolas um gajo. Se te arrependeres tens hipótese de te safares do Inferno porque esse tal Deus é um tipo compreensivo.
Mas, nesta história de o mundo acabar em data certa, havia uma coisa que, na minha cabeça, não fazia sentido absolutamente nenhum. Quer dizer, o ano 2000 era o fim do mundo para os povos que se orientam pelo mesmo calendário que eu. E os chineses? E os muçulmanos? Bem, os muçulmanos estão no ano de mil seiscentos e troca-o-passo, nem sei bem. O mundo iria acabar também para eles? O mundo pode acabar aos bocadinhos, sem aviso nem nada? Hoje aqui, amanhã acoli, conforme os calendários de cada povo e cada civilização?
O mundo não acabou.
O mundo continuou um bocadinho mais para a frente, igualzinho, quase sem tirar nem pôr, até que aconteceu aquela cena tenebrosa dos aviões a rebentarem com as torres de Manhattan e o mundo todo a ver aquilo, de boca aberta, ainda mais tonto do que é habitual, o mundo a sentir que lhe fugia o eixo do sítio. Mas lá se aguentou. Naquele dia (há quantos anos foi? Há 5, 6?) o mundo não acabou mas mudou. Como sempre mudou para pior. Alguém se lembra de uma data em que o mundo tenha mudado para melhor, assim, de repente? Decerto que há datas que marcam acontecimentos positivos para o mundo, de um modo geral, mas num post como este nem ficar bem admitir, sequer, uma coisa dessas.
O resto da história todos nós conhecemos. Uns melhor, outros pior, estamos cientes do que está a acontecer actualmente: os estados democráticos andam às aranhas consigo próprios, a cederem no capítulo das liberdades individuais por questões de segurança, a tornarem-se progressivamente em estados policiais; os EUA cada vez mais tresloucados a ameaçarem meio mundo de porrada e a perderem o crédito de terem a estátua da Liberdade lá na terra deles; os chineses, campeões do desrespeito pelos direitos mais básicos dos seres humanos a chegarem-se à frente para se tornarem os próximos timoneiros desta barca dos loucos que é o planeta Terra.
O mundo vai acabar.
Mas não me parece que haja uma data previsível. Pelo menos para já. Ontem não aconteceu nada de terrível a nível planetário mas houve uma mãe que, supostamente assassinou os dois filhos que, todos dizem, muito amava, e depois se terá suicidado. Aconteceu em Viseu, ontem, 11 de Setembro. Esta data passará a ter um significado diferente para um certo conjunto de pessoas. O mundo, para elas, terá acabado. Mas foi em 2007.
6 comentários:
de facto se falarmos em termos de direitos humanos, assim como a imprensa ocidental os define ( sobretudo a de origem norte americana) és capaz de ter razão, mas se pensarmos mais em estatisticas talvez decubramos coisas curiosas: os eua tem 2 milhões de presos, quase 1% da sua população, são os campeões da matéria. a china vem em 2º lugar, tem 800 mil.bom a população da rp china é 4 vezes superior à dos usa.
de facto nos eua não há presos politicos, é que eles são uma democracia, e nas democracias não há presos politicos.
os eua tem 34 milhões de pobres. mais de 10 % da população. a china não sei.
das penas de morte não me lembro dos numeros mas devem de andar ela por ela.
os americanos estão convencidos que são os campeões da democracia e como tal querem governar o mundo. os chineses estão convencidos que são pobres e como tal querem ficar um bocado mais ricos.
mal por mal ainda assim prefiro os segundos!
abraço
fonte
O mundo só acaba para os que se vão dele.
Fonte, eu preferia uns terceiros, fossem eles quem fossem (também não vale a pena exagerar). Entre americanos e chineses, mesmo assim, os americanos ainda levam um grande avanço. Claro que eu me identifico muito mais com os direitos humanos "à moda" dos americanos. A inspiração ainda continua a ser a das grandes revoluções-a americana e a francesa- já a Revolução Cultural e o livrinho vermelho não me dizem grande coisa.
Abração e que as tuas exposições sejam um sucesso :-)
Eduardo, por vezes alguns que ficam é como se tivessem ido também.
Silvares, tens razão. Havia no Brasil, há muitos anos passados, uma cantora chamada Maisa, que compôs e cantava: "Meu mundo caiu", isto é, ela ficou e o mundo (dela) se foi.
Exacto. Por vezes o mundo acaba por regressar, aos poucos, mas há coisas mesmo muito complicadas para as nossas cabeças!
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