A Senhora na Água é, talvez, o fime menos eficaz de Shyamalan. De acordo. Porque a trama não fecha, no final, como acontecia nos outros, numa reviravolta inesperada do argumento. O final deste filme vai-se anunciando desde o início e acaba por se confirmar abrindo a narrativa para fora do écran. Ao contrário dos outros filmes, que pareciam preencher o espectador, este acaba por lhe abrir um espaço no peito que arrisca esvaziá-lo.
Daí a considerar A Senhora na Água como um mau filme vai uma certa distância.
Talvez haja alguns apontamentos muito discutíveis. O papel que Shyamalan distribui a si próprio é um deles. A forma como os acontecimentos vão sendo antecipados por uma das habitantes do condomínio onde se desenrola a acção, uma velha senhora coreana, tem momentos pouco felizes, na minha opinião. Mas, mesmo assim, o desvelo com que os críticos têm ruminado o filme para depois o vomitarem com desprezo talvez se explique pela personagem do crítico de cinema.
Há um crítico de cinema que é retratado com igual desdém no filme. O argumento vai abrindo possibilidades de ele ser algo mais, algo melhor, mas, no fim, o crítico não passa de uma espécie de palhaço triste e ignorado pelos outros. Se eu fosse crítico de cinema iria achar a coisa de péssimo gosto.
Finalmente há um actor com momentos brilhantes. Paul Giamatti consegue dar uns quantos nós no coração e na garganta em momentos que, entregues a outro performer, poderiam resultar caricatos. O homem tem pinta!
Resumindo, se eu fosse crítico não daria uma bolinha ou apenas duas estrelas a este filme. Digamos que lhe assentam bem duas bolas e uma espiral, só para enfeitar e mostrar a saída da sala.
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