domingo, setembro 10, 2006

Arte, para que te quero?

Foto retirada do site de Banksy http://www.banksy.co.uk/outdoors/index.html
Deve a arte assumir um papel de intervenção política e social? Penso que sim, que é um dever e um direito que assiste ao criador artístico.
Existem outras dimensões artísticas (reflexão sobre os processos e os códigos de linguagem plástica, etc.) que me parecem menores ou, pelo menos, não tão importantes. A arte só faz sentido quando é criada com um objectivo específico de contribuir de algum modo para a transformação do mundo que rodeia o artista. Mas essa transformação não poderá restringir-se a acrescentar apenas mais um objecto aos que ja existem. Esse objecto terá de significar algo, transportar consigo uma perspectiva específica, uma narrativa actuante.

Longe vai o tempo das Vanguardas Artísticas do início do século XX. Quando Cézanne se insurgia contra aquilo que considerava "literatura" na pintura, estava a desenvolver um processo mental na busca de uma linguagem plástica pura. Os Românticos não lhe acharam graça nenhuma. Quando Mondrian concluiu que a Arte constitui uma espécie de Universo Paralelo que não reproduz o mundo circundante, antes cria um outro mundo e o acrescenta a este, atingiu um ponto extremo da reflexão sobre a própria essência do acto criativo. Estes (e tantos outros artistas) abriram vias inovadoras mas, ao contrário do que pretendiam, não esgotaram métodos anteriores nem demonstraram a superiodade da "Arte sm objecto". Os Expressionistas continuaram o seu trabalho e os Dadaístas radicalizaram o processo, subvertendo definitivamente as fronteiras criativas e o universo artístico.

Vivemos um período mais pós-Dadaísta que pós-Modernista. O triunfo nas artes pláticas foi todo ele Dada e não Moderno.
O Modernismo levou-nos até ao cimo de uma falésia onde pudemos observar um horizonte longínquo, sóbrio e despojado na sua beleza misteriosa.
O Dadaísmo faz-nos saltar da falésia sobre o vazio, cantando a plenos pulmões. Uma vez lá em baixo avançamos em direcção ao tal horizonte longínquo, não importa se temos as penas partidas ou perdemos a cabeça pelo caminho. O que interessa é o que vai acontecendo enquanto avançamos.

1 comentário:

Anónimo disse...

boa!
abs