É uma coisa que me faz alguma confusão. Como decidem os legisladores sobre os limites do trabalho infantil?
Se um puto anda a acartar baldes de massa nas obras ou a cozer sapatilhas numa fábrica clandestina é caso de polícia. Se anda a decorar páginas de diálogos imbecis e a filmar 12 horas por dia a lei deixa passar e o juíz ainda assiste à novela das sete enquanto descansa os pézinhos.
Nas passerelles e nos plâteaus as crianças não trabalham? Se calhar estão ali por divertimento. Qual será o critério? Quer-me parecer que é uma questão de classe. Classe social, é bom de ver. Os filhos das classes médias não se dedicam a criar calos nas mãos, criam-nos mais facilmente no cérebro. Já os filhos das classes mais baixas dão o corpo ao manifesto de outra maneira e isso não pode ser. A lei condena e a boa consciência social aplaude.
O problema é bicudo e não me quero meter nele mais do que um bocadinho. Olhando para o marmanjito na foto podemos reparar que tem um sorriso bem construído e se estivesse a cozer bolas de futebol para o campeonato do mundo dificilmente ostentaria uma alegria como a que parece transpirar nesta imagem.
Outro aspecto que distingue os trabalhadores infantis é o dinheiro que ganham com o trabalho que realizam. Mas isso não se passa, também, com os adultos? Se um tipo trabalho muito e ganha pouco é um quase-escravo. Se trabalha muito e ganha muito é um quase-patrão.
Depois há a questão da exposição pública. Um puto que esfole a mioleira a telenovelar tem, ainda, o "benefício" de ser reconhecido na rua e pode (glória das glórias) dar uns autógrafos a fãs de guardanapo de papel em punho. Um pobre operáriozinho, na melhor das hipóteses, poderá sentir uma pontinha de felicidade por contribuir com uns cêntimos para mitigar a penúria lá na barraca.
A objectividade e a imparcialidade na análise destas situações não são o nosso forte. Pois não?
Se um puto anda a acartar baldes de massa nas obras ou a cozer sapatilhas numa fábrica clandestina é caso de polícia. Se anda a decorar páginas de diálogos imbecis e a filmar 12 horas por dia a lei deixa passar e o juíz ainda assiste à novela das sete enquanto descansa os pézinhos.
Nas passerelles e nos plâteaus as crianças não trabalham? Se calhar estão ali por divertimento. Qual será o critério? Quer-me parecer que é uma questão de classe. Classe social, é bom de ver. Os filhos das classes médias não se dedicam a criar calos nas mãos, criam-nos mais facilmente no cérebro. Já os filhos das classes mais baixas dão o corpo ao manifesto de outra maneira e isso não pode ser. A lei condena e a boa consciência social aplaude.
O problema é bicudo e não me quero meter nele mais do que um bocadinho. Olhando para o marmanjito na foto podemos reparar que tem um sorriso bem construído e se estivesse a cozer bolas de futebol para o campeonato do mundo dificilmente ostentaria uma alegria como a que parece transpirar nesta imagem.
Outro aspecto que distingue os trabalhadores infantis é o dinheiro que ganham com o trabalho que realizam. Mas isso não se passa, também, com os adultos? Se um tipo trabalho muito e ganha pouco é um quase-escravo. Se trabalha muito e ganha muito é um quase-patrão.
Depois há a questão da exposição pública. Um puto que esfole a mioleira a telenovelar tem, ainda, o "benefício" de ser reconhecido na rua e pode (glória das glórias) dar uns autógrafos a fãs de guardanapo de papel em punho. Um pobre operáriozinho, na melhor das hipóteses, poderá sentir uma pontinha de felicidade por contribuir com uns cêntimos para mitigar a penúria lá na barraca.
A objectividade e a imparcialidade na análise destas situações não são o nosso forte. Pois não?
3 comentários:
Nem mais!
Apoiado.
De acordo, o mais possível.
mas olhe que morangos até ajudam a crescer.
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