Foi Marcel Duchamp quem introduziu o conceito. Recolhe-se um objecto, retira-se do contexto que lhe reconhecemos como "habitual" e recontextualiza-se num novo ambiente. De imediato as leituras possíveis do objecto ganham novos contornos e dimensões. O mais célebre ready-made da História da Arte será o urinol que Duchamp assinou e intitulou "A Fonte" considerada, no ano de 2005, como a obra de arte mais significativa da Arte Contemporânea.
Na imagem acima podemos ver o interior do Museu Britânico. Os visitantes admiram os despojos de um frontão grego ali exposto. Adivinha-se o formato triangular do conjunto. Originalmente foi um conjunto escultórico criado para um templo.
O que faz aquilo ali, ao nível dos olhos, sem o peristilo nem o friso, cortado às postas, com papelinhos por baixo que saltam à vista como gritinhos estridentes? Onde está a cor que outrora revestiu aquelas formas, a pujança visual da arte grega que apenas podemos adivinhar? Não será aquele objecto um ready-made?
Os responsáveis pela exposição dos objectos nos museus não serão considerados artistas mas isso parece-me uma tremenda injustiça. São artistas, sim senhor, Dadaístas na esmagadora maioria.
Arriscaria a opinião de que todos os museus são imensas (por vezes insuportáveis) manifestações dadaístas. Raros serão os objectos que expõem que tenham sido criados especificamente para lá serem colocados.
Uma sala de museu é uma colecção de ready-mades!
Já a casa-de-banho dos homens não poderá ser considerada uma instalação, com todos aqueles urinóis alinhados na parede, mas anda lá perto. Ainda por cima existe interacção permanente com os visitantes que lhes mijam para dentro. Magnífico!
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