Quem se lembra de Fernando Gomes, o ex-presidente da Câmara Municpal do Porto? Aquele tipo, com um penteado especial, que chegou a Ministro da Administração Interna num governo PS e desceu até Lisboa para governar.
Lembram-se como, enquanto ele foi ministro, o nosso país resvalou para um clima assustador de insegurança, trazido na crista da onda de um maremoto mediático que deixou a nação portuguesa submersa em medo e pânico?
No entanto, tanto quanto me é possível recordar, fora das páginas dos jornais e dos estúdios de televisão, Portugal estava mais ou menos na mesma, como a lesma.
Fernando Gomes, com a sua figura impossível, a pose hirta e o discurso canhestro, não foi capaz de se aguentar à bronca e saiu borda fora, cuspido num safanão mais violento, de volta às tripas à moda do Porto, de onde nunca devia ter saído. Foi aquilo que se pode chamar um assassinato político perpetrado na imprensa.
Freitas do Amaral tem andado a ser espicaçado nessas mesmas páginas. Nos últimos tempos o homem não pode dar um peidinho que ganha logo proporções de diarreia! Convenhamos que o actual Ministro dos Negócios Estrangeiros tem dado todas as possibilidades aos que lhe andam a fazer a cama que lha façam com lençóis de serapilheira e almofada cravejada de alfinetes.
Primeiro foi aquela treta desajeitada sobre os cartoons (quem se lembra da "crise" dos cartoons?). O MNE meteu os pés pelas mãos e acabou a dar o dito por não dito. Uma confusão.
Depois entendeu por bem meter-se noutra trapalhada por causa dos emigrantes expulsos do Canadá, cometendo algumas gaffes dignas de um principiante borbulhento.
Agora é o Expresso que utiliza abusivamente algumas declarações do ministro para dar a impressão de que ele está à espera de ser atirado borda fora ou até de saltar por iniciativa própria, com o comboio em andamento. Convenhamos que o homem insiste em ir à floresta buscar lenha para se queimar com a inocência de um Capuchinho Vermelho.
Confesso que Freitas não é figura das minhas simpatias. Nunca foi e, como em política sou muito rancoroso e abuso da memória sempre que posso, nunca será. Mas uma campanha mediática destas dimensões entra pelos olhos dentro do mais cego dos cidadãos.
Como realça Mário Mesquita no Público de hoje, Freitas deslocou-se no sentido errado. Vem da Direita para a Esquerda e cruza-se com Sócrates, a deslocar-se no sentido inverso. Os pequenos monstros que deixou pelo caminho e que agora se amontoam como larvas em cima de um cadáver naquela espécie de partido que se chama CDS-PP, não lhe perdoam a "deserção" e andam em cima dele como autênticas carraças.
Não digo que é bem feito, mas não me comove particularmente. No entanto mete um bocado de nojo ver o que estão a fazer ao "camarada" Freitas esventrando toda e qualquer afirmação que produza em público com uma elegância digna de um talhante.
Mário Soares disse um dia que "Só os burros não mudam de opinião." Lamento dizer-lhe, caro Mário, que isso era dantes, no seu tempo. Agora as coisas não são bem assim, nem são antes pelo contrário. São aquilo que quem detém o poder de titular jornais quiser que sejam.
Sim, porque se um gajo ler mais do que o título de uma entrevista talvez perceba o que quer o entrevistado dizer.
2 comentários:
nessa questão, não concordo contigo. Penso como o Picabia que dizia que o cérebro é redondo para que o pensamento mude de direcção!
Pois, mas o Picabia morreu ainda antes de o Marocas se saír com aquela dos burros.
Os tempos vão moldando os cérebros. Um dia destes têm todos forma de... sei lá de quê!
Enviar um comentário