terça-feira, março 01, 2011
Como se flutuasse
Acabei de ler O Terceiro Reich, de Bolaño, e estou meio azamboado. Entretanto, abrindo o jornal, encontrei esta frase "escrita na pedra". As coisas encaixam-se como têm de se encaixar, é assim que o tempo passa e vai fazendo mais ou menos sentido.
Nos últimos dias tenho seguido os acontecimentos na Líbia com alguma distracção própria de quem é movido por pouco mais que uma simples curiosidade. Eu sei que o que está a acontecer no norte de África é muito importante para o futuro da Europa mas sinto apenas um certo torpor intelectual. Fico à espera do tempo que há-de vir. Que mais fazer? Se tiver que levar um enxerto de porrada espero ter capacidade para aguentar e voltar à luta.
Os líbios, tal como os egípcios, tentam ultrapassar décadas de opressão. Mas o que me chama a atenção são as referências a um poder que desdenha as populações, uma classe política que se serve do Estado como se fosse coisa exclusivamente sua, tipos que se eternizam em lugares de chefia e vão usufruindo de uma riqueza que não é deles. Nisso encontro semelhanças incomodativas com aqueles que me governam, aqui deste lado do Mar Mediterrâneo. A diferença fundamental parece ser a legitimação democrática. Aqui elegemos os que nos exploram e ali os exploradores dispensam o incómodo do acto eleitoral.
A frase de Luther King ecoa como um aviso feito em forma de ameaça velada.
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