quarta-feira, março 30, 2011
Ver a vida viver
A banalidade é uma coisa maravilhosa quando a olhamos com atenção. É espantoso verificar como a banalidade ganha contornos de coisa extraordinária quando a isolamos no nosso pensamento. Uma mulher que cospe para o chão na paragem de autocarro, três outras que conversam num grupo com grande atenção à que fala e que parece crescer por ter ouvidos abertos às suas palavras, um homem magro com o ombro na parede e o telemóvel encostado ao ouvido num gesto de descontracção absolutamente ofuscante. Rolar nas ruas da cidade com banda sonora dentro do habitáculo do automóvel, sem destino certo nem angústias de urgência, é algo banal que proporciona momentos de uma beleza rude e suja, uma beleza que talvez não chegue a sê-lo. Hoje roubei uns minutos ao meu dia para ir ver a vida a viver no meio do betão, do metal andante e do lixo esvoaçante. Sem palavras, com Lou Reed em pano de fundo.
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3 comentários:
Tinha um amigo que desenvolveu uma teoria da mediocridade. Uma coisa avançada. Provava que os felizes eram os mediocres. Será?
Possivelmente... Jà os catolicos dizem que o reino dos céus é coisa para os pores de espírito!
Pois...
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