quinta-feira, março 24, 2011
Labirinto em linha recta
Terminei a leitura de mais um livro de Roberto Bolaño. Quanto mais o leio mais me convenço que, quando for grande, quero ser como ele. Enquanto sou pequenino, pequenininho, como sou agora, deleito-me apenas com a contemplação das suas páginas, da sua literatura mais fluente que um rio outrora límpido, agora repleto de seres em permanente mutação devido a uma contaminação inesperada. Um rio mais poluído que todo o mundo em que morremos. A merda toda enfiada no leito de um rio magnífico que não pára de correr em direcção a um mar qualquer, mesmo sabendo que, quando nele desaguar, vai ser o bom e o bonito. Um rio consciente, uma coisa que não existe e que, no entanto, está aqui mesmo, à vista de todos os que tiverem olhos para o ver.
A Literatura Nazi nas Américas é água desse tal rio. Água que corre eternamente debaixo das mesmas pontes e lhes vai corroendo os pilares de sustentação, água imprópria para qualquer tipo de consumo, mas, ainda assim, água, fonte de estranhas formas de vida. Já tenho na mesinha de cabeceira Os Dissabores do Verdadeiro Polícia. Vou continuar a beber desta água enquanto nela vou nadando.
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2 comentários:
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio (um índio, letra e música de Caetano Veloso)
bonito seu texto rui, e tenho certeza que vc é um dos grandes se não da literatura, mas um gran hombre.
beijão
madoka
Muchas gracias Madoka.
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