sábado, julho 17, 2010

Olhar não custa


As existências banais ganham uma outra dimensão quando observadas com atenção e minúcia. Veja-se, a título de exemplo comparativo, o mistério de certos objectos apresentados como obras de arte por alguns artistas contemporâneos. São muitos os casos em que nos deparamos com a profundidade misteriosa das coisas superficiais. Neste paradoxo reside a semente do extraordinário mistério da banalidade mais atroz.

O olhar de um leigo não desbrava a floresta de significados de um objecto banal. Para penetrar a floresta de signos de um vulgar home movie ou de um par de sapatos exposto numa galeria de arte, é necessário possuir um olhar devidamente apetrechado com os filtros subtis da crítica contemporânea, capaz de ir desencantar significados inquietantes a lugares de reflexão onde eles, aparentemente, não existem.

A vida dos simples é, afinal de contas, potencialmente tão interessante e complexa quanto a mais glamourosa das existências. Olhar não custa, o difícil é ver.

7 comentários:

pqueirozribeiro disse...

Uma foto simples mas completamente integrada ao texto. Gostei.

Anónimo disse...

PERFEITO!
Vai para o Varal e para a nossa SOCIEDADE ANÔNIMA!

Anónimo disse...

olá, gostava de falar contigo...estamos em lisboa(eu e o luíslima e as duas crianças)e podiamos combinar qualquer coisa. deixo-te o meu mail e tm: alexandra.cristovao@gmail.com / 938456456.
desculpa contactar-te por aqui mas foi a única hipótese!bjs!alexandra cristóvão

luisM disse...

Estás um pouco bíblico, hoje. Nomeadamente naquela máxima "dos simples será feito o mundo dos céus" ou algo assim. Talvez tudo resida na ideia e na prática de fruir a vida e estar desperto. Mas como dizem as escrituras, "muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos". A cegueira é terrível...

Silvares disse...

Pqueiroz, é o mistério da batata frita.
:-)

Eduardo, grato, como sempre.

Alexandra, soyez les bienvenues (está bem escrito?). Já te respondi por e-mail. Até (muito) breve.

LuísM, pensavas que só tu é que tinhas um humor tortuoso? Escrevi aquele texto depois de ter lido uma crítica a uma exposição de arte contemporânea. Tão banal e tão convencida de estar a descobrir a pólvora num prato de areia da praia...

luísM disse...

Óssana nas Alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.

Silvares disse...

Amen.