sexta-feira, setembro 11, 2009

Questões de confiança


A nossa vidinha baseia-se na confiança. Quando pego no meu carro e entro no trânsito, confio que os outros automobilistas vão respeitar um conjunto de regras que nos permitem circular sem andarmos a chocar constantemente. Muitos acidentes são provocados por aqueles de entre de nós que quebram as regras, destruindo, desse modo, a confiança mínima necessária.

Quando vou votar confio que as regras democráticas estão a ser cumpridas. Não conheço as pessoas que estã a recolher o meu voto mas não é por isso que desconfio delas ou imagino que, mal eu volte costas, vão arranjar maneira de aldrabar o processo.

Confio nas pessoas ao ponto de raramente colocar a hipótese de me estarem a mentir (devo ser enganado algumas vezes sem sequer disso suspeitar). Se marco um apartamento em Nova Iorque pela internet ou adquiro bilhetes de avião pelo mesmo processo estou a confiar no modo de funcionamento da coisa. Resumindo, todos os dias confio em muita gente e é nessa confiança que se baseia o meu quotidiano. Se assim não fosse havia de dar em maluco!

Num patamar completamente diferente, os americanos confiavam que o facto de irem fazer a guerra noutros continentes os deixava fora do alcance dos seus inimigos mais azedos. Daí que no dia 11 de Setembro de 2001, o tenebroso ataque com aviões suicidas que destruiu as torres gémeas tenha sido um choque tremendo, abalando por completo a confiança que os americanos depositavam nas distâncias intercontinentais. Isso tornou-os desconfiados e provocou grandes confusões.

Variando ainda mais a perspectiva, imagino que os afegãos, só para dar um exemplo, não tenham grande confiança na democracia nem nos exércitos ocidentais que tão depressa abatem uns quantos talibãs como chacinam civis indefesos em ataques destemperados e destruidores. A desconfiança pode ser uma barreira intransponível.

Se eu for desconfiado vou conferir sempre o troco que a senhora do café me dá antes de meter o dinheiro ao bolso. Vou estar constantemente a olhar em todas as direcções tentando descobrir que partida é que o mundo me irá pregar. Tenho uma sorte do caraças por viver num sítio que me permite confiar. Até ver...

6 comentários:

Anónimo disse...

Confiança é um bem que não admite deslizes! Nem meios termos! Ou se confia, ou não. E não tem volta. A perda dela é definitiva.
Os Norte Americanos confiam muito na palavra. Até prova em contrário, os outros dizem a verdade. Mas se pegam alguém na mentira, sai da frente! Pecado mortal, sem direito ao Purgatório. E para eles, o 11 de Setembro foi fatal. Todos nós passamos a ser potencialmente suspeitos, o que vale dizer, perderam a confiança! E o mundo perdeu muito com isso!
Bom tema, bom post!

Selena Sartorelo disse...

Olá Silvares, Sempre confiamos e sempre vamos confiar. Isso faz parte das necessidades da natureza humana eu acho, ou confiamos ou estamos em busca dessa confiança, um sentido sempre em renovação. Enquanto isso a desconfiança é uma presença constante na humanidade.
A traição acontece o tempo todo, mas em proporções muito menores, o que não invalida a traição. Mas, mesmo assim não se dada a devida atenção. É necessário grandes catástrofes para que nos demos conta do que estamos nos tornando, confiantes demais talvez, ou estamos nos acostumando com essa desumanidade.
Outras vezes acreditamos tanto e mesmo com a razão que desconfia o sentimento continua valorizado em demasia. Realmente um tema muito bom!

beijos,
Selena

Jorge Pinheiro disse...

Estou a achar-te muito optimista. Ainda bem, mas não é hábito...

Ví Leardi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ví Leardi disse...

Sobre a soleira da porta de entrada no grande terraço da fazenda de meu bisavô onde passei a maior parte de minha vida,havia uma frase em grandes letras pintadas de azul...
TRABALHA E CONFIA...Desde o dia que aprendi a ler...me norteei por ela!
:-)

peri s.c. disse...

Hoje dançamos conforme a música , ou seja pé ante pé: confiar ... desconfiando.