2008 chegou ao fim. Como habitualmente fazem-se balanços do que foi e aconteceu e marcou e se considera digno de registo. Como tantos outros tento fazer uma retrospectiva sobre as coisas que me vêm à memória, procurando imagens ilustrativas na imensidão da grande divindade, o Google.
Desisto perante a confusão que de imediato se instalou na minha cabeça. Factos, imagens, pessoas, mistura-se tudo numa amálgama informe e impossível de ordenar de forma satisfatória. Constato que a qualidade da minha memória é um pouco pior do que me lembrava. Nada de mais.
Nunca poderia fazer justiça a todos os que me marcaram ao longo de 2008, nem referir todos os acontecimentos que me garantiram serem História, com "H" grande, a merecerem livro para estudo das gerações vindouras. Qualquer tentativa de registar um balanço de 2008 resultaria mais esburacada que a praia de Okinawa naquele dia que a gente sabe.
Obama e o rebentamento da crise do subprime são notícias recentes. Mas o preço do petróleo na montanha-russa ou a morte de Luiz Pacheco já se misturam um pouco em neblinas sebastianistas. Outros óbitos, menos mediáticos (nada mediáticos) desembarcam sorrateiramente nesta praiazinha que se me vai formando na memória.
As manifestações de professores ainda estão frescas mas já sei que em 2012, se ainda por cá andar, não vou conseguir colocar essas marchas gloriosas na prateleira correspondente, nem recordar os nomes daqueles dois secretários de estado rastejantes e sebosos. Enfim, os balanços valem o que valem. Valem pouco.
Na verdade, o passado recente não parece merecer mais que um olhar descuidado. Não tem ainda o fôlego do acontecimento histórico, nem o sopro de morte da coisa que caíu num buraco escavado no chão da memória colectiva. É uma coisa assim-assim, uma sardinha enlatada em tomate com molho picante, um golo marcado com a mão num jogo de futebol, uma rapariga bonita que ficou feia de tanto querer ser ainda mais bonita.
Enfim, um óptimo 2009, seja lá isso o que for.
para ver uma selecção de imagens do ano que findou clicar aqui. recomenda-se a activação das legendas.
10 comentários:
Também ando um pouco céptica, Rui. Acho que o meu optimismo está meio abalado... Mas é preciso reagir, temos de acreditar nisso.
Feliz ano de 2009 para ti, para todos, parafraseando-te, o que quer que isso seja!
Beijinhos :)
Cristina Loureiro dos Santos
Um beijo e até um dia destes.
Silvares,
balanços são sempre problemáticos pois dependem muito da distância e intencidade que o fato nos tocou!!!!
É preciso de ter cuidado com os balanços, não vá saltar daqui para fora.
Adorei o seu texto. Concordo com os excessos de coisas relembradas, prefiro as que nos marcam como memória afetiva, estas que valem à pena discorrer e lembrar.
bjs.
JU
Para começar o ano, não podia ser diferente...texto impecável...faço minhas as palavras da Ju ...que fiquem as que nos marcam como memórias ...de afeto,na proximidade ou distância.
...e vamos... lá dois dias a menos para 2010!
"O Sétimo Selo" do Bergman para receber 2009? Safa!!
2009 é qualquer coisa como uma ilusão, e que ela encha barrigas porque as mentes já estão entupidas... Belíssimo texto!
Acho que um ano que começa trás sempre esperança. Embora, pessoalmente, valorize mais o meu aniversário, emtermos colectivos a passagem de ano é um marco. Um bom ano é estarmos cá em 2010 de boa saúde. O resto, logo se vê.
Eduardo, lá isso é verdade. Quando vejo os balanços de 2008 fico espantado com tantas coisas interessantes e marcantes que já me tinham passado por completo.
Ogre, agarra-te bem que não saltas.
Ju, essas não desaparecem com facilidade. Não. Essas coisas ficam cá dentro bem guardadas e quentinhas.
:-)
Ví, cá no fundo tenho esperança que haja mais coisas boas do que más. 2 dias menos para 2011... e para 2012... etc., por aí fora.
:-)
Rose, o Sétimo Selo dá para receber o que quer que seja.
Alice, então fiquemos entupidos de ilusões! Por vezes elas conseguem suplantar os factos reais...
Jorge, é isso... aguardemos.
:-D
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