sábado, agosto 25, 2007

EPC

Após ter postado o texto anterior, saltei até à página do Público online e deparei com esta inesperada notícia:Faleceu Eduardo Prado Coelho, intelectual público (ler em http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1303165).
Agora vai ser tempo de elogios fúnebres. Toda a gente irá descrever a grandeza intelectual de Prado Coelho e louvar a excelência dos seus textos bem como a argúcia dos respectivos argumentos. O costume.
Quero apenas referir que sempre li com razoável atenção as suas crónicas. Algumas vezes pareceram-me excelentes, outras uma desgraça completa. Escrever diáriamente num jornal com a aura de excelência como o Público não é tarefa para qualquer um mas Prado Coelho fê-lo com qualidade e atrevimento. O seu Fio do Horizonte funcionava como uma espécie de Blogue. Acaba amanhã.

9 comentários:

Anónimo disse...

ouvi a notícia da morte de EPC e devo confessar que me fez alguma impressão...tb acho que as crónicas eram desiguais, e gostava sobretudo qdo apareciam na última página - o fio do horizonte como uma pequena marca diária. e, para além da qualidade efectiva das suas intervenções, EPC era uma presença, quase uma companhia, era um sinal de um tempo, não?

Silvares disse...

Olá Alexandra!
O EPC teve em mim um admirador confesso e, mais recentemente, lia-o com alguma má-vontade. Sinal do tempo, sim, lê-lo ao longo de tantos anos, quase diáriamente, escrevendo sobre tudo e mais alguma coisa, deixa marcas. Depois do post ouvi uma entrevista dele na rádio (se não soubesse que morrera ia acreditar que era m directo!) na qual afirmava a sua vontade de viver mais para as pessoas e menos para a escrita. Um pouco arrepiante...

LEÃO DA ESTRELA disse...

Quando se diz que o Sporting é um clube das elites, isso também tem muito a ver com o facto de ter adeptos e simpatizantes intelectuais como EPC, sem pejo de assumir que gostam de futebol e que têm um clube. EPC, que cultivava uma atitude aristocrática, não tinha preconceitos pseudo-intelectuais. Era capaz de escrever sobre o “nosso” Sporting e, mesmo assim, ser lido por quem detesta futebol. Porque quando escrevia sobre futebol abordava o fenómeno como uma pessoa normal. Com coração, cabeça e estômago. Também por isso, sendo um homem assumidamente de esquerda, chegando, às vezes, a escrever como se de um “spin doctor” do PS se tratasse, era lido e respeitado em todos os quadrantes políticos. Porque era livre nas suas escolhas, nos seus elogios e nas suas críticas. Desde a fundação do jornal “Público”, em 1990, EPC escrevia diariamente sobre as grandezas e as misérias da cultura, da política e da sociedade portuguesas, a partir dos episódios do quotidiano. Tinha amigos de estimação. E inimigos também. Como qualquer ser humano marcante e perene.

Anónimo disse...

Não conhecia EPC, mas li algumas frases, que como bem disse já aparecem nos blogs . Foi no NONBLOG da S. que leio sempre por ser muito criativo. Lastimo, por vocês , a perda!

Anónimo disse...

Como os Stranglers diziam, "Everybody loves you when you're dead". Eu não.

Silvares disse...

Leão, realmente EPC foi um pensador sem fronteiras. Assumir a sua paixão, para ele dificilmente inexplicável, pelo Sporting e escrever sobre isso foi algo muito interessante.
Eduardo, EPC escreveu no jornal que compro todos os dias ao longo de 17 anos, mais coisa menos coisa, a morte dele nota-se... talvez se sinta.
Gene Mau, não é preciso gostar de gente. Nem de bacalhau.

Anónimo disse...

caro silvares:
ademiro-te a coragem de suportares durante tantos anos a leitura dessa espécie de correio da manhã urbano-depressivo para pesoas que aprenderam a ler chamado publico
abraço

Silvares disse...

Hahahah, correio da manhã urbano-depressivo é muito bem apanhado. Entre os diários à disposição o Público parece-me o mais interessante (ou o menos merdoso) e eu preciso de um jornal pela manhã. Faz parte do meu modo de sobrevivência.

Adro N. Von Crow disse...

uma perda lamentável!