Comemora-se hoje mais um Dia Mundial do Teatro. Com tantos dias especiais amontoados no calendário mais um menos um não parece nada de especial. Este, no entanto, sempre tem o condão de nos pôr a pensar um pouco sobre o que se vai passando entre nós com esta arte maior.
Será impressão minha ou o espectáculo teatral tem vindo a esmorecer nos últimos tempos em terras de Portugal? Será impressão minha ou as produções de um certo circuito off desapareceram do mapa? Sem este circuito, que conheceu algum incremento e implantação ao longo dos anos 90, não estará o teatro a perder influência e capacidade de captação dos tão falados "novos públicos" para as salas das companhias institucionalizadas? Não sei, não sei, falo mais por impulso, é uma sensação, uma impressão indefinida que me leva a esta reflexão. Não tenho dados objectivos que a sustentem. Se calhar é apenas impressão minha, nada mais.
Seja como fôr é um facto que o poder central tem vindo a desinvestir progressivamente nos apoios concedidos às chamadas produções pontuais. Estas produções foram sempre o espaço principal para a experimentação e o risco. Uma companhia (se é que ainda as há!) arrisca menos, produz espectáculos mais convencionais e dirigidos a um público que vai conquistando com dificuldade e pretende manter interessado muitas vezes oferecendo mais do mesmo, recorrendo a "receitas" de sucesso mais ou menos garantido. Isso é perfeitamente legítimo mas corre-se o risco de uma certa estagnação criativa.
A novidade, a capacidade de reflectir sobre a contemporaneidade através de produções que reflictam sobre o mundo que nos rodeia aqui e agora, são papéis importantes a atribuir ao teatro. A insistência na produção de clássicos é imprescindível mas não pode ser tudo! Corremos o risco de transformar o teatro em tradição quando uma das suas vocações mais apaixonantes é a de olhar o mundo actual e representá-lo em palco.
1 comentário:
boa
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