Vem hoje no Público (página 11) uma noticiazinha assinada por Isabel Leiria com o sugestivo título: Estudos e ocupação dos pais determinam acesso ao superior.
Ao longo de duas singelas colunas a jornalista cita um estudo de duas investigadoras que se deram ao trabalho de evidenciar uma evidente evidência: o acesso da juventude portuguesa ao ensino superior continua relacionado com as habilitações académicas, o rendimento e a ocupação (profissional ou outra) dos pais.
Só mesmo quem tenha passado uma temporada valente a viajar pelo espaço exterior em busca de vida inteligente para lá da Colunas de Hércules poderia imaginar que a democratização, encetada após a revolução de Abril de 1974, havia esbatido em definitivo o fosso que separa o castelo dos mais ricos da rua mal calcetada dos mais pobres. Nem em sonhos.
Não só temos vindo a assistir a um alargamento daquele fosso como parece estar cada vez mais profundo. A pobreza manifesta-se das mais variadas formas e a de espírito também entra nestas contas. Note-se que a simples condição económica não se traduz em elevada capacidade académica. É necessário juntar-lhe uma capacidade cultural ligeiramente superior à média (pelo menos) que entre nós nem sequer é particularmente elevada.
Sendo assim, as classes dominantes continuam a dominar e as dominadas debatem-se com a ferocidade possível para sairem do buraco onde tendem a afundar-se. Podem sempre tentar a via mediática através de um Big Brother qualquer e aparecer nas capas das revistas chunga, mas isso é tão efémero como um peido de cão.
Não querendo alongar-me demasiado na análise de tal evidência gostaria de finalizar com uma perguntinha meio inocente, meio maldosa: a luta de classes deixou de existir?
Talvez tente uma resposta noutro post, tenho cá umas ideias acerca do assunto.
Para já fico-me por aqui, com um sorrisinho cínico a dançar-me na testa.
Ao longo de duas singelas colunas a jornalista cita um estudo de duas investigadoras que se deram ao trabalho de evidenciar uma evidente evidência: o acesso da juventude portuguesa ao ensino superior continua relacionado com as habilitações académicas, o rendimento e a ocupação (profissional ou outra) dos pais.
Só mesmo quem tenha passado uma temporada valente a viajar pelo espaço exterior em busca de vida inteligente para lá da Colunas de Hércules poderia imaginar que a democratização, encetada após a revolução de Abril de 1974, havia esbatido em definitivo o fosso que separa o castelo dos mais ricos da rua mal calcetada dos mais pobres. Nem em sonhos.
Não só temos vindo a assistir a um alargamento daquele fosso como parece estar cada vez mais profundo. A pobreza manifesta-se das mais variadas formas e a de espírito também entra nestas contas. Note-se que a simples condição económica não se traduz em elevada capacidade académica. É necessário juntar-lhe uma capacidade cultural ligeiramente superior à média (pelo menos) que entre nós nem sequer é particularmente elevada.
Sendo assim, as classes dominantes continuam a dominar e as dominadas debatem-se com a ferocidade possível para sairem do buraco onde tendem a afundar-se. Podem sempre tentar a via mediática através de um Big Brother qualquer e aparecer nas capas das revistas chunga, mas isso é tão efémero como um peido de cão.
Não querendo alongar-me demasiado na análise de tal evidência gostaria de finalizar com uma perguntinha meio inocente, meio maldosa: a luta de classes deixou de existir?
Talvez tente uma resposta noutro post, tenho cá umas ideias acerca do assunto.
Para já fico-me por aqui, com um sorrisinho cínico a dançar-me na testa.
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