quinta-feira, dezembro 28, 2006

Sonhos e fantasias natalícias

Muito se tem falado do consumismo desenfreado provocado na população portuguesa pela quadra natalícia. Por arrastamento falou-se também de uma espécie de guerra à pureza espiritual da época, da substituição dos símbolos tradicionais (o presépio com toda a sua iconologia característica) por símbolos menos piedosos (o pai natal, por exemplo) e da suposta investida políticamente correcta na tentativa de despir o Natal do seu significado religioso.
Tretas!
Há muito tempo que do presépio emergiram os reis magos como principais referências,
com as suas oferendas ao Menino. Todo o barulho deste ano me parece apenas um eco difuso de algo que caíu ao chão e se partiu vai já para muito tempo mas de que só agora se ouve o estrondo.
A Igreja Católica lá resolveu vitimizar-se, fazer papel de coitadinha, com as histórias de professoras espanholas que terão deitado para o lixo os presépios feitos pelos seus pequenos aluninhos inocentes (espero que ao menos tenham separado os materiais para reciclagem) e outras patranhas do género.
Com a batalha do referendo do aborto a aproximar-se a passos largos todos os argumentos são válidos e ainda a procissão vai no adro!
Nada disto me parece lá muito honesto e fico com a sensação de que, mais uma vez, a caixa de ressonância dos mass media transformou o piar de um pardal em rugido de tigre da Malásia.
Enfim, depois de uns dias na santa terrinha, lá para as bandas da fria Beira Alta, o 100 Cabeças está de regresso e pode afirmar com toda a segurança que o espírito natalício sobreviveu intacto e está de perfeita saúde. Houve bacalhau e sorrisos, abraços e beijos, reencontros daqueles que só mesmo o Natal proporciona e, claro está, muito consumo, comezaina da grossa e prendas.
A tradição ainda é o que era.

2 comentários:

Anónimo disse...

Enquanto houver "sorrisos, abraços e beijos", haverá Natal :).

Deixo-te um poema de Miguel Torga, de que gosto muito:

Natal

Foi tudo tão pontual
Que fiquei maravilhado
Caiu neve no telhado
E juntou-se o mesmo gado
No curral.

Nem as palhas da pobreza
Faltaram na manjedoira!
Palhas babadas da toira
Que ruminava a grandeza
Do milagre presentido.
Os bichos e a natureza
No palco já conhecido.

Mas, afinal, o cenário
Não bastou.
Fiado no calendário,
O homem nem perguntou
Se Deus era necessário ...
E Deus nem representou.


A continuação de Boas Festas, Rui.

E um óptimo 2007!
Beijinhos :)

fada*do*lar disse...

Ora assim mesmo é que é!!!
:-D
Temos o mesmo slogan!... eheheheh