A Educação no nosso país continua a ser fonte inesgotável de preocupações para muitos de nós. Ontem Rui Tavares e hoje António Barreto, vêm, nas páginas do Público, dar disso mesmo notícia, lavrando informados textos nos quais propõem algumas panaceias para acalmar tão efervescente maleita.
Tentando dar da tenebrosa TLEBS uma imagem menos animalesca, Rui Tavares alvitra a possibilidade de dividir o estudo do Português em duas áreas tão distintas quanto complementares; de um lado a Gramática, vetusta arte estudada com denodo nas universidades medievais, do outro lado a Literatura, expressão requintada do pensamento humano, arte bem mais liberal, fresca e completa que a sua irmã feia (a invejosa Gramática, está bom de ver).
Proposta interessante e salomónica, como o próprio Tavares a classifica, mas que esbarra, pelo menos para já, num problema de difícil resolução: o número extraordinário de disciplinas existentes nos currículos do ensino básico (à volta de 14) e do ensino secundário (variando conforme o nível e o curso). Para encontrar um espacinho destinado às duas manas teríamos de deitar fora qualquer outra coisa. Talvez não fosse má ideia mas, para já, afigura-se mais racional tentar deitar qualquer fora sem trazer nada para o seu lugar, reduzindo o estapafúrdio número de disciplinas que atravancam os horários escolares dos nossos esforçados estudantes.
Os textos de Rui Tavares podem ser lidos em http://ruitavares.weblog.com.pt/ embora hoje ainda não estivesse disponível aquele a que aqui me refiro.
António Barreto, mais velho mas não menos lírico, propõe reformas bem mais profundas e revolucionárias. Lembrou-se da possibilidade de serem chamadas à liça universidades, faculdades, institutos e outros centros produtores e difusores do saber para que, em articulação com escolas básicas e secundárias, estabelecessem currículos, programas e manuais adequados a situações específicas. Se bem compreendi, Barreto propõe que a tão badalada autonomia das escolas passasse a ser uma realidade dinâmica num modelo de parcerias até hoje nunca imaginado entre nós. Neste modelo o Ministério da Educação passaria a ocupar uma posição menor, de mera gestão global do processo educativo, coisa que não me parece estar num horizonte perceptível.
Assim, às primeiras, é uma proposta bem interessante e que poderia trazer muita novidade à educação que é coisa que tem minguado. O problema é que tal caminho iria mexer com o monstro demasiado instalado na Educação, obrigando a um esforço olímpico que não me parece realista esperar que venha a ser aceite pelas instituições implicadas.
Resumindo, é reconfortante saber que há quem se preocupe com a coisa ao ponto de propor medidas que mexam com o dito monstro. Se lhes dermos atenção e começarmos a discutir tais propostas estaremos a tempo de mudar alguma coisa durante o tempo que nos resta para viver?
Tentando dar da tenebrosa TLEBS uma imagem menos animalesca, Rui Tavares alvitra a possibilidade de dividir o estudo do Português em duas áreas tão distintas quanto complementares; de um lado a Gramática, vetusta arte estudada com denodo nas universidades medievais, do outro lado a Literatura, expressão requintada do pensamento humano, arte bem mais liberal, fresca e completa que a sua irmã feia (a invejosa Gramática, está bom de ver).
Proposta interessante e salomónica, como o próprio Tavares a classifica, mas que esbarra, pelo menos para já, num problema de difícil resolução: o número extraordinário de disciplinas existentes nos currículos do ensino básico (à volta de 14) e do ensino secundário (variando conforme o nível e o curso). Para encontrar um espacinho destinado às duas manas teríamos de deitar fora qualquer outra coisa. Talvez não fosse má ideia mas, para já, afigura-se mais racional tentar deitar qualquer fora sem trazer nada para o seu lugar, reduzindo o estapafúrdio número de disciplinas que atravancam os horários escolares dos nossos esforçados estudantes.
Os textos de Rui Tavares podem ser lidos em http://ruitavares.weblog.com.pt/ embora hoje ainda não estivesse disponível aquele a que aqui me refiro.
António Barreto, mais velho mas não menos lírico, propõe reformas bem mais profundas e revolucionárias. Lembrou-se da possibilidade de serem chamadas à liça universidades, faculdades, institutos e outros centros produtores e difusores do saber para que, em articulação com escolas básicas e secundárias, estabelecessem currículos, programas e manuais adequados a situações específicas. Se bem compreendi, Barreto propõe que a tão badalada autonomia das escolas passasse a ser uma realidade dinâmica num modelo de parcerias até hoje nunca imaginado entre nós. Neste modelo o Ministério da Educação passaria a ocupar uma posição menor, de mera gestão global do processo educativo, coisa que não me parece estar num horizonte perceptível.
Assim, às primeiras, é uma proposta bem interessante e que poderia trazer muita novidade à educação que é coisa que tem minguado. O problema é que tal caminho iria mexer com o monstro demasiado instalado na Educação, obrigando a um esforço olímpico que não me parece realista esperar que venha a ser aceite pelas instituições implicadas.
Resumindo, é reconfortante saber que há quem se preocupe com a coisa ao ponto de propor medidas que mexam com o dito monstro. Se lhes dermos atenção e começarmos a discutir tais propostas estaremos a tempo de mudar alguma coisa durante o tempo que nos resta para viver?
2 comentários:
gosto da ilustração. Peter Kuper?
E aplausos para a ideia do Barreto.Não sei é se interessa ao elefante do ME e muito menos a esta ministra que já demostrou não ter interesse por uma reforma real do sistema educativo, só lhe interessa ( foi contratada para cumprir esse objectivo) diminuir as despesas com a educação.
Sim, a ilustração é de Kuper, já introduzi o atalho para o local de onde a "roubei". Quanto às propostas também acho a de Barreto, no mínimo, curiosa ou até mesmo interessante. Falta saber da vontade de reflectir sobre ela...
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