Adão e Eva de Jan van Eyck, pormenores
Ver é diferente de olhar. Acreditamos que a capacidade de ver, assim com olhos de gente, não estará ao alcance de toda a bicharada. Já o simples acto de olhar é modo de vida tanto para a galinha como para o elefante e demais criação divina que, por ora, vai povoando este planeta.
Do mesmo modo poderemos distinguir viver de existir. Mais uma vez queremos crer que a partezinha da divindade suprema que calha em sorte a cada um de nós nos permite compreender de forma particular o mundo que nos rodeia.
Assim, a existência estará para o olhar do mesmo modo que viver está para ver. Os bois olham o palácio, os seres humanos (mais afortunados) vivem nele. Tudo estaria bem caso estas capacidades fossem inatas no ser humano. Ver e viver.
O problema reside no facto de sermos demasiados os que nos comprazemos com a bovinidade de olhar e existir, pastando imagens que ruminamos com a placidez de qualquer quadrúpede mais pacífico, incapazes, sequer, de vislumbrarmos lá no fundo daquilo a que chamamos alma, o tesouro da visão que caracteriza a possibilidade de vivermos o mundo plenamente.
A aprendizagem da visão dura o tempo de uma vida. Nem todos parecemos interessados ou avisados para tão excelente trabalho. Estou em crer que reside na visão a possibilidade de sermos mais humanos e que, caso todo o ser humano tivesse acesso a uma educação visual mínima o planeta seria bem diferente.
Para melhor, é bom de ver, até as vacas e os bois teriam a possibilidade de serem mais felizes!
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