A vida pode ser muito decepcionante. Temos expectativas em relação a determinadas coisas, uma certa perspectiva dos acontecimentos por vir, imaginamos o nosso papel num determinado teatro que, como dizia o outro, é representado no palco da vida e feitas as contas... népias. Correu tudo ao contrário, as coisas não resultaram. Decorar o texto não era, afinal, a verdadeira solução para encontrar o caminho da felicidade.
Não tenho bem a certeza mas sinto que a passagem do tempo não ajuda muito a sossegar o espírito. Tenho a sensação de que exagero nas expectativas que vou construindo em relação a mim próprio. Sermos o herói do nosso próprio filme não contribui de forma particularmente brilhante na definição da personagem. Começo a perceber que as minhas qualidades se vão degradando ou, pelo menos, que vão perdendo actualidade, sendo progressivamente menos interessantes.
Reflectindo um pouco melhor. Tenho a sensação de que os meus ensinamentos vão fazendo cada vez menos eco entre os miúdos, sinto progressiva dificuldade em chegar-lhes ao espírito. Já em relação a pessoas mais velhas, mais próximas da minha idade, penso ir ganhando capacidade de as interessar pelos mais diversos assuntos, caso seja essa a minha intenção. Poderei estar a ser pretensioso mas essa é a minha sensação.
Resumindo, já ia sendo tempo de me reformar. A distância entre mim e os meus alunos começa a tornar-se penosa para mim e, imagino, também para eles. Merecem alguém mais ingénuo e menos paciente, alguém que seja capaz de ficar indiferente perante a sua indiferença.
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