Enquanto conduzia o meu carro a gasóleo em direcção a uma estação de lavagem, daquelas que têm um elefante azul a borrifar-se com a própria tromba, formou-se-me no espírito uma desagradável imagem. Tive um vislumbre da Humanidade como um todo (talvez influenciado por certas correntes de pensamento que imaginam Deus como sendo a reunião de todas as almas, um super-não-ser, algo desse género). Bom, dizia eu: a Humanidade como um todo, todos os corpos, todos os espíritos, algo difícil de explicar. Tão difícil como aquela tal imagem de Deus.
O desagradável da visão não foi a reunião de todos nós num único corpo (isso até é potencialmente bonito), o que me arrepiou um pouco foi ter tido a percepção de que esta tal Humanidade é uma espécie de drogada, uma toxicodependente agarrada ao consumo do Planeta. O nosso comportamento auto-destrutivo é imparável. Apesar de sabermos que o consumo selvático do planeta significa a ruína do nosso corpo e do nosso espírito, enquanto Humanidade não damos mostras de abrandamento na satisfação desta dependência. Antes pelo contrário.
Como qualquer drogado banal, a Humanidade continua a consumir apenas para se sentir capaz de viver mais um dia. Amanhã? Logo se vê.
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