quinta-feira, maio 19, 2022

Auto-ajuda e preconceito

     Parece-me estranha a expressão "auto-ajuda", ainda mais quando aplicada a certas publicações em forma de livro. Se o objecto é escrito por fulano e comprado por sicrano com o intuito dele receber algum tipo de ajuda, não me parece correcto meter aqui o "auto". A haver algum tipo de ajuda ela é exterior ao sujeito que dela beneficie. A menos que a tal "auto-ajuda" se refira ao facto de o autor beneficiar monetariamente do fruto do seu esforço por tornar o mundo um lugar melhor.

    Estaria aqui a chegar à conclusão de que a ajuda em análise é oferecida a si próprio pelo criador do objecto, tal como acontecerá com a esmagadora maioria dos criadores de objectos que logram vendê-los lucrando algo com isso. Não afirmo que seja esse o fito absoluto de quem escreve uma coisa daquelas mas, pronto, se se trata de ajudar alguém...

    Evito esforçadamente referir-me directamente ao conteúdo desses volumes de folhas em forma de livro por nunca ter lido nenhum. 

    - O quê? Nunca leste nenhum desses livros e escreves este post? - pergunta o leitor indignado com um ligeiro estremecimento na voz.
    - Pois, é verdade. - respondo eu vagamente ruborizado.

    Que posso fazer? Sou um tipo preconceituoso em relação a várias coisas, à bondade desinteressada em forma de objecto artístico, por exemplo. Custa-me acreditar na santidade seja de quem for, é-me impossível acreditar na santidade daqueles que se afirmam santos.

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