Por vezes sinto que as coisas que escrevo, embora façam todo o sentido dentro da minha cabeça e sejam facilmente entendidas segundo o meu modo de pensar, pouco ou nenhum sentido fazem para ti, hipotético leitor. O post anterior, por exemplo, que confusão!
Isto acontecerá porque, na esmagadora maioria das vezes, escrevo estes textos ao correr do teclado e quase nunca os revejo ou, se os revejo, limito-me a retocá-los tentando não escorregar demasiadamente nas curvas e contracurvas da gramática.
Mas sei que a questão da dificuldade de compreensão não será exclusivamente atribuível à forma da escrita, decerto haverá complexidades inextricáveis no que toca a questões de conteúdo. Pensamentos nebulosos, ideias serpenteantes, objectos surreais.
A verdade é que, imagino eu, há uma relação umbilical entre o que escrevo e o que desenho com visíveis vantagens para o desenho e a pintura. A linguagem visual permite ampliar ao infinito a ambiguidade da mensagem. O campo da ambiguidade é a minha verdadeira casa, o palácio da sabedoria diabólica que imagino ter comerciado com o Velho Cavalheiro nalgum dia da alucinação absoluta. Não sei, não tenho a certeza, não me lembro.
Seja como for, regresso ao início: as coisas que escrevo são muitas vezes tão baças, tão confusas e indefinidas que melhor seria que as tivesse fechado num saco e atirado ao rio mal me tivessem nascido dentro da cabeça. Ou não? Será que todas as ideias, mesmo aquelas que não se percebem que são feias de tão confusas, têm direito a entrar neste mundo, passando a existir?
É esta uma reflexão que te proponho, resistente leitor: têm todas as ideias direito a um lugar neste mundo perdido na imensidão do universo?
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