sexta-feira, março 25, 2011

Contas de mercearia

Hoje li um texto sobre a guerra na Líbia que terminava com a frase "A verdade é que o mundo tem pela frente uma guerra que lhe vai sair cara." Reli a dita frase uma e outra vez, tentando imaginar uma guerra que não tenha um preço elevado e dei por mim a fazer contas de cabeça.

Quanto custa uma guerra? Há a perspectiva puramente económica que tem a ver com os gastos em armamento e reconstrução dos espaços derrubados à força dos bombardeamentos. Coisa muito cara, decerto. Mas há uma outra perspectiva, a das pessoas que se vêem no meio do caos guerreiro. Mortos e feridos, estropiados físicamente e os que ficam com o cérebro feito em papa de aveia, os zumbis. Aqui as contas ficam mais difíceis de realizar.

Quanto custa uma vida transformada em coisa automática, um cérebro assaltado constantemente por terrores diurnos e pavorosos pesadelos quando se lhe fecham os olhos?

O preço que o mundo paga pelas guerras em que se vai metendo não é nada comparado com o preço pago pelos indivíduos que a fazem, sejam voluntários ou não na girândola da carnificina. Não façamos contas à guerra. Simplesmente não a façamos.

4 comentários:

Beto Canales disse...

Infelizmente as guerras fazem bem as economias. Movimentam um extraordinário e gigantesco mercado que impulsionam todas os estágios da produção. Guerras são necessárias ao capitalismo.

Silvares disse...

"Capitalismo é guerra, guerra ao capitalismo" lê-se por aí em algumas paredes....

Olaio disse...

E sobre aqueles que vão ganhar balurdios (ou prémios nobel) com esta guerra e com as outras que por ai andam, ninguém escreve um textozinho ?

Silvares disse...

"E as pessoas mais mais admiráveis são-no por razões até aí desconhecidas..." ou qualquer coisa assim.

:-)

Sejamos ferozes!