sexta-feira, maio 21, 2010

O roubo como uma das Belas-Artes


É a velha história do rato que come um bocado do rabo ao gato e consegue fugir, a esconder-se no buraquito escavado na volta do rodapé.
Desta vez foi no Musée d'Art Moderne da cidade de Paris. Um assalto fez evaporar várias obras de arte consideradas excepcionalmente valiosas. Picasso, Matisse, Braque, e mais qualquer coisinha. Só estes nomes fazem tremer de emoção quem se interessa por rankings de obras de arte alinhadas por valores calculados em milhões de euros (ou dólares, é quase a mesma coisa).
Um tipo qualquer terá entrado por uma janela e lá gamou os tais quadros. Não há pormenores da acção mas, a verdade, é que se trata de uma performance muito próxima da obra-prima. O roubo, em si, constitui uma autêntica obra de arte contemporânea de alto gabarito. Já Maurizio Cattelan utilizou o roubo como uma das Belas-Artes ("Arte é a apropriação do que nos rodeia. Portanto, nunca é roubo") mas isso é outro ramo da árvore desta história.

Voltando ao rocambolesco episódio do assalto ao Musée d'Art Moderne importa notar que alguns peritos consideram que as obras roubadas são "invendáveis". O que levaria então alguém a efectuar um roubo tão arriscado não tendo perspectiva de lucro com o espólio conseguido? A resposta só pode ser uma: o amor à arte, puro amor, nada mais que pureza de coração e amor pela bela arte da pintura.

2 comentários:

Lina Faria disse...

Sempre penso por esse aspecto.
Há peças intransferíveis.
Puro fetiche de algum colecionador.
O episódio todo com bons argumentos prá mais um filme, ou livro, sobre o assunto.

Silvares disse...

Sim, esta história e a situação que, eventualmente, a contextualiza dariam um bom argumento...