sábado, maio 22, 2010

Another Fucking Readymade

Another Fucking Readymade


No post anterior referi de passagem uma história protagonizada por Maurizio Cattelan, o imprevisível artista italiano que é um gajo capaz de nos surpreender sempre um pouco mais, independentemente da dimensão da maior surpresa que já nos tenha pregado.


Rezam as crónicas que decorria o ano de 1996 e Cattelan participava numa exposição em Amesterdão. O galerista pediu-lhe que montasse a sua instalação em apenas uma semana, o que terá parecido ao artista um período de tempo demasiado apertado. Na noite anterior à inauguração, Maurizio Cattelan arrombou uma galeria próxima, que não dispunha de um sistema de alarme, e roubou tudo o que ali havia, desde obras de arte a máquinas de fax. Empacotou todo o material e, no dia seguinte, a galeria De Appel, abria uma exposição intitulada "Another Fucking Readymade".


Cattelan aplicara o célebre princípio da deslocação (ou recontextualização) de um objecto com uma intenção artística, introduzido por Marcel Duchamp. Com um sentido de humor muito característico, o artista italiano levantou a possibilidade de tudo ser transformado em objecto artístico, até mesmo o acto de roubar.


O episódio poderia ter acabado mal se os donos da Galeria Bloom tivessem levado por diante o desenvolvimento legal da situação criada por Cattelan. Mas a coisa resolveu-se civilizadamente com o artista a assumir a obrigação de fazer, mais tarde, uma exposição nessa galeria. Uma solução artística, sem sombra de dúvida, e com contornos de alguma elegância. Bonito.
Bonito?

Ainda assim, esta não terá sido a mais polémica obra de Cattelan, mas é das mais significativas.

4 comentários:

Anónimo disse...

Taí, goste desse Cattelan !

Anónimo disse...

muito inusitado esse Cattelan, faz pensar, tenho que pensar um pouco mais, rs.
E outra, esse roubo anterior que aconteceu em Paris, foi amor à arte? dá até arrepios isso, de repente é um louco, pode até destruir as tais obras de arte, por amor. Vide caso do fã que matou John Lennon, ele era obcecado e o matou por não aguentar sabendo dele vivendo e criando e amando e etc. Dá calafrios só de pensar nisso.
abs
madoka

Silvares disse...

Eduardo, é, esse Cattelan tem boa pinta!
:-)

Madoka, há situações bem bizarras...
:-(

peri s.c. disse...

Ótima história essa do "roubo" artístico.