O ambiente ferve apesar de o dia estar a dar para o frescote. Há vento, um pouco de chuva e muita fé a pairar no ar. Vem aí o Papa, caraças, é dia de manifestação católica!
Comecei este post pela manhã, ainda antes de o Papa chegar, e estou a concluí-lo já depois dele ter chegado. Não vi nada na televisão (estive a trabalhar todo o dia e à noite vim jantar sossegadinho) nem estou para aí virado. Imagino o escarcéu!
Dei por mim a recordar a recente vinda a Lisboa dos Tokyo Hotel, a inefável banda pop juvenil que levou centenas de fãs a dormir à porta do Pavilhão Atlântico. Entrevistadas (sim, porque essas fãs eram maioritáriamente do sexo feminino e abaixo dos 16 anos de vida) declaravam amor incondicional pelo andrógino vocalista e uma fé sem limites nas qualidades redentoras da música por ele interpretada. Um fenómeno pop característico de um mundo enrolado nas teias dos mass media.
A vinda de Ratzinger produz um quadro com contornos semelhantes. A mesma fé cega, a mesma esperança na redenção alcançada pelo contacto visual com a vedeta de serviço. Hoje não são as teenagers, são os católicos. O fanatismo não conhece distinção. Dou por mim a pensar que o Papa é, também, um fenómeno pop. É uma figura que não se questiona, é uma personagem idealizada à qual se adere sem qualquer tipo de racionalidade. Óbvio!
Não tenho nada contra nem tenho nada a favor. Na verdade estou-me a cagar para a vinda do Papa e sinto um certo fastio pelo circo mediático montado em volta dele. Afinal de contas e bem vistas as coisas, o facto de Ratzinger ser Papa não faz dele mais do que um mero descendente de um macaco qualquer. Tal qual eu.
Simples. Curto. Duro.
9 comentários:
é difícil cagar nos SETENTA E TAL MILHÕES DE AÉREOS....
Silvares,
Há no Brasil uma música feita pelos "Engenheiros do Hawai" a João PauloII, com esse nome "O papa é pop". A letra é para o antecessor mas trás criticas ao comercio e outros oportunismos.
Você conhece?
ainda bem que por essas bandas o papa não é pop e que eu saiba nunca deve ter pisado por aqui (será?).
Ao contrário das bandas pops que vc citou aí, tem aos borbotões por aqui. Como vc bem pontuou: ´o fanatismo não conhece distinção.´
Me lembro quando eu era adolescente ( o que não faz muuuito tempo hohohohoho), aos 15 não era diferente, e quem passou por isso entende, de certa forma.
abraço Silvares
madoka
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Schlorpsie, lá teremos de o fazer...
Lina, não conheço, não. Mas a frase soa bem e tem ritmo. Além de fazer todo o sentido!
:-)
Madoka, o Papa é bem pop por estes lados. Poderia mesmo dizer: o Papa é o Pop! Você havia de ver as multidões que se apinham por onde ele passa...
Este sujeito de cara de mau...
Não gosto dele
:) Quando vi o título do post também me lembrei da música dos Engenheiros do Hawaii...
De qualquer modo, tens há uns dias atrás um post premonitório do que viria a ser esta visita fastidiosa.
Lá se foi o papa embora e ainda bem.
Consta que por cada dia em Portugal custou-nos 37 (?) milhões de euros, ao todo mais de cem!
Em época de crise e sacrifícios, pois...
O Cavaco até lambeu os beiços de contente, já está a trabalhar para a reeleição e o povo tosco e beato (a maioria de nós, infelizmente), vai na cantiga e aplaude. Quando lhe perguntaram (ao Cavaco) o que achava do aumento dos impostos e das medidas de austeridade agora impostas, respondeu com aquele sorriso cínico que foi ele quem convidou o Papa (votem em mim) e não se pronunciava sobre assuntos mundanos e impopulares durante a visita de «sua santidade» Hahaha
Havia muito mais a comentar, mas enfim, a conveniência da alienação tem muitos prismas e a classe dominante e os seus lacaios na governação querem mesmo é que as pessoas andem distraídas. Agora pelo papa, mais à frente será pela selecção no campeonato do mundo.
Vertam-se todas as lágrimas, povo endividado e miserável, conquanto se o faça pela cruz e pela bola, nunca pelas profundas razões de interesse nacional! Que fique tudo como está: ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais sacrificados.
Esqueci-me de acrescentar que ainda por cima este papa veio trazer a provocação: afirmou a comunicação social que ele «não teve receio de abordar os temas fraturantes» como a legalização do aborto e do casamento gay.
Temas fraturantes seriam, na minha óptica, ele explicar-se sobre os abusos sexuais cometidos por sacerdotes da Igreja católica (a que o próprio Ratzinger terá dado cobertura há duas ou três décadas quando ocupava outro posto) ou ainda sobre a imbecilidade de ele ter declarado em África que o preservativo não só não previne o contágio da SIDA como o pode agravar! Isso sim seriam temas fraturantes, isso sim requeriria humildade e coragem na abordagem.
O resto foram provocações de mau gosto, incitações ao desrespeito às leis que a nossa AR aprova (se bem que a do casamento gay ainda precise da promulgação do PR).
Em relação à visita do Papa Ratzi tive muito contra e nada a favor, os argumentos parecem-me óbvios.
O que me chocou mais foi a vassalagem da (alegada) fina flor da cultura, a aplaudir de pé Manoel de Oliveira após discurso patético.
Perderam todos o juízo ou o quê!?
De qualquer maneira, deu para aliviar e evacuar em vinte e tal posts no nosso blogue :).
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