sexta-feira, maio 14, 2010

O balão inchado


A crise económica veio para ficar. O primeiro país a tomar medidas para atenuar a queda das contas do estado foi a Irlanda. Depois chegou o susto total com a Grécia, como um daqueles zombies que nos caem à frente dos olhos no Comboio Fantasma sem sabermos de onde vêm. Agora Portugal tenta disfarçar os remendos no casaco. Tal como a Espanha. Até os novos governantes britânicos anunciam por longe que irão, tal como os países atrás citados, desinvestir nas obras públicas, reduzir salários, aumentar impostos e o diabo a quatro.

Já há alguns anos que vinha colocando a questão (haverá de estar algures para aí nos arquivos do 100 Cabeças um ou outro post sobre o assunto): até onde pode crescer a economia? Sim, porque todos os anos se fazem contas e se a economia não cresce um bocadinho que seja entra tudo em paranóia. É como nas empresas. Se os lucros caem há que sacrificar os trabalhadores, em último caso despede-se uma mão-cheia deles.

Aquela questão parecia não ter resposta. As pessoas esforçavam-se por acreditar que o crescimento económico era da mesma natureza que o do próprio Universo que, a fazer fé nas doutrinas científicas, dizem estar em permanente expansão num espaço já de si infinito.

Mas parece que a coisa, afinal tem limites. Teremos atingido a fronteira final da expansão económica? Durante quanto tempo poderemos continuar a viver com os actuais níveis de consumo?

A gente sabe, pelo menos desde Proudhon, que "toda a propriedade é um roubo". Ou seja, para nós vivermos na abundância do mundo global e tecnológico, alguém tem de estar a pagar a factura vivendo na miséria. Este nosso modo de vida poderá alguma vez alastrar a todo o planeta? Há alguém são dos miolos que acredite em tal coisa? No dia em que toda a Humanidade consumir energia e outro tipo de bens aos níveis médios do consumo na Europa o planeta dá um estoiro que até Deus vai acordar finalmente!

Resumindo e concluindo: acredito que a economia é como um balão e tem o seu limite. Acredito que atingimos o ponto em que não dá mais, não estica mais, não pode continuar a soprar-se para dentro do sistema económico sem corrermos o risco de que, na próxima sopradela, ele nos rebente nas beiças. O sitema económico começou a esvaziar e terá de encontrar um novo patamar de estabilidade. Resta saber que patamar será esse e a que níveis de consumo teremos de regredir para evitar que esta merda vá toda pelos ares.

3 comentários:

Dalaiama disse...

Na minha opinião, a riqueza existe, está é mal distribuída.
A economia, que agora se diz exaurida, continua capaz de fazer jorrar muito leite morno para os estômagos dos bilionários.
Para quem trabalha e verdadeiramente produz a riqueza, é natural que a economia pareça encolher.
A abundância é só para uma minoria mesmo muito diminuta.

Silvares disse...

Concordo com o que dizes mas a dúvida persiste: não haverá um limite para o crescimento económico e, por extensão, um limite para a riqueza a distribuir? Estou convencido de que esse limite existe e já foi ultrapassado.

Anónimo disse...

Rui,

li este post no dia em que o colocou. Não quis comentar, porque não sendo economista, meu palpite é meramente um sentimento de leigo. Mas acho que para crescimento econômico não há limites! Nem fim. O mundo cresce em ciclos! Sobe, estagna, desce, volta a subir, volta a cair! É um moto contínuo e imprevisível. Impérios, no passado vivenciaram isso, estamos assistindo agora, e voltarão a acontecer no futuro. Mas não é o fim. É uma parte do processo!