quarta-feira, abril 28, 2010

Próximo do fim


A crise; a bancarrota; o chão enegrecido pelo sangue sêco; uma página a mais; a água; um olho caído; o vôo da gaivota sobre o parque de estacionamento. Páro um momento. O écrã iluminado; trafulhice; o político; a pomba da paz com um colete anti-bala; o carro; a casa; o jornal; o calor... tanto calor! Não me passa nada pela cabeça. Fumo outro cigarro (nunca podemos fumar duas vezes o mesmo cigarro!). Levanto-me e caminho um pouco; escrevo com um pé sobre o outro, como se fosse um flamingo a fingir. Abano ligeiramente a cabeça. Estou cheio de informação, como um ovo cheio... daquilo que enche os ovos. A mulher curvada sobre o carrinho de bébé; a árvore; o cãozito a ladrar quando me viu; as pilhas gastas; os pincéis; a pintura.... o dia de amanhã.

O dia de hoje está próximo do fim.

4 comentários:

Chapa disse...

UF!

Anónimo disse...

Rui, uma pergunta: andas com um mini gravador, ditando suas impressões, ou as anota num caderninho????

Beto Canales disse...

Cansativo, certamente.

Silvares disse...

Chapa, cansativo, não é?

Eduardo, tenho um caderninho mas, como digo no post, tenho sempre a cabeça cheia, como um ovo.
:-)
É só partir a casca um bocadinho.

Beto, dizes bem, cansativo mesmo. Por vezes penso se cansa não cansará mais do que andar todo o dia a partir pedra com uma marreta