quarta-feira, março 10, 2010

Da loucura


Tenho reparado que aqueles que normalmente designamos como loucos são personagens obcecadas com alguma coisa. Obcecadas a tal ponto que tudo o que não contribui para a sua crença particular se torna supérfluo. É por isso que os loucos têm aquele brilhozinho nos olhos. É o brilho da certeza absoluta.

Quando estamos seguros de nós próprios e sabemos que aquilo é assim mesmo e não há que duvidar, os gestos tornam-se fluídos, a língua desata-se-nos e as palavras jorram num contínuo avassalador. Sentimos alegria, ficamos eufóricos, as coisas fazem sentido. O mundo fica completamente redondo e nem os pólos são chatos.

Os outros olham-nos de soslaio com um sorrisinho maroto. Vêem-nos loucos porque estamos loucos. Loucos de alegria. A loucura é uma alegria incontrolável provocada por uma súbita compreensão do mundo que nos rodeia. Quando experimentamos essa sensação nunca mais voltamos a ser o que éramos. Nem nós, nem o mundo, nem nada.

6 comentários:

Anónimo disse...

Eu sempre desconfiei....srsrs

Lina Faria disse...

Silvares,
Desculpe se te frustro,mas você é loucamente lúcido,
pelas preocupações coletivas, reflexões cósmicas e cosmopolitas que tem.
O louco é aquele compulsivo que só pensa em sí, seu espaço, suas conquistas..
O louco é egocêntrico.
E como temos desses loucos na blogoesfera!

Silvares disse...

Eduardo, posso estar a sonhar!
:-)
Lina, grato por mais estas palavras de incentivo. Não me considero louco, longe disso.
:-D

Anónimo disse...

...mas olha que certinho, certinho, também não és. Gosto do teu mundo redondo de polos chatos. Dá-lhe Rui...
Ana

Jorge Pinheiro disse...

Então a loucura é igual à paixão. Certo?

Silvares disse...

Ana, eheheheh.
:-)

Jorge, sim, a loucura é uma paixão assolapada por qualquer coisa... a paixão enlouquece.