domingo, março 21, 2010

Alguma coisa faltou

Édipo em 1º plano(Diogo Infante) com uma difusa Jocasta mais atrás (Lia Gama)



Ontem à noite assisti à versão de Rei Édipo em exibição no Teatro Nacional D. Maria II. "A partir de Sófocles", informa o programa, esta peça resulta da interpretação feita por Jorge Silva Melo da imortal tragédia imaginada pelo grego.


Na minha perspectiva (que está longe de ser a de um espectador de teatro assíduo) a coisa vale essencialmente pela interpretação de Diogo Infante, no papel principal. O actor/director do Teatro Nacional mostra toda a sua categoria e manda à merda as vozes de burro que se insurgem contra o facto de ser ele o protagonista, acumulando com a responsabilidade de dirigir o monstro do D. Maria.


Quanto ao espectáculo, propriamente dito, houve coisas que não me soaram lá muito bem. Pareceu-me haver demasiada parra para tão pouca uva. Tantos actores, tantos músicos, tanto alarido em volta da excelência da adaptação e encenação de Jorge Silva Melo, haviam criado em mim uma expectativa porventura exagerada. Se calhar foi isso que me deixou um pequeno vazio quando acabaram as ovações da ordem e os actores regressaram aos bastidores. Se não estivesse à espera de algo verdadeiramente fora do comum talvez o tom destas linhas fosse diferente.


Este Rei Édipo pareceu-me bastante corriqueiro em termos de soluções narrativas, havendo mesmo um ou outro momento que me deixaram a nítida sensação de estarem ali apenas "a encher" espaços deixados vagos por vazio de ideias. Ou talvez fosse resultado de alguma auto indulgência do criador principal. Não sei. Talvez seja isso, na verdade é possível que não saiba do que estou a falar, correndo o risco de cometer algum grosseiro erro de leitura, alguma injustiça típica de quem não conhece por dentro o trabalho dos outros.

O que posso dizer é que esteve longe de me deslumbrar. Só isso.

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