Mafra. Convento e Palácio, Palácio e Convento. O monstruoso edifício é um dos monumentos nacionais mais citados e, decerto, dos mais visitados. Saramago com a sua obra Memorial do Convento veio acrescentar personagens e alargar imaginários.
No dia 18 de Fevereiro lá fui, com a família, experimentar os ecos da História.
Ao chegar perto do Real Edifício, a primeira impressão não tem nada a ver com a imagem acima. O estacionamento em frente e à volta do Edifício é mais que caótica, é patética, nem sei. Depois havia uma feira montada com tendas das mais variadas naturezas. Junto à entrada para o Palácio, um comerciante de móveis alinhava o seu material quase até à porta envidraçada e, mais ao lado, uma carrinha expunha garbosamente lingerie, cuequinhas de cores variadas dançaricando ao sabor de uma brisa gelada mas marota.
Um enorme outdoor lembrava a quem estivesse interessado que vai haver uma votação on line para eleger e actualizar as 7 maravilhas do mundo propondo um voto no Real Edifício. Mmmmmh, não sei não.
Vamos entrar.
Lá dentro um grupo de visitantes (todos portugueses) aguardavam calmamente o início da visita guiada. Comprei os bilhetes (4€ para adultos e pessoas a partir dos 14 anos) e juntei-me com a família ao grupo.
Passados alguns minutos o guia deu luz verde ao pessoal e lá subimos a escadaria em direcção à suposta maravilha. O guia era uma personagem de filme. Com um sobretudo enorme, azul escuro, coxeava ligeiramente inclinado sobre o seu lado esquerdo e mantinha um sorriso constante. Ao falar notava-se um pequeno defeito na pronúncia de certos sons o que tornava praticamente impossível compreender a totalidade das suas palavras. Na sala do trono, por exemplo, com o eco, ninguém percebeu patavina mas depressa compreendemos que isso não faria grande diferença.
O recheio do palácio é extraordinariamente modesto. As melhores mobílias e obras de arte foram levadas para o Brasil, para onde partiu a família real quando das invasões francesas, em 1807. O palácio ficou notóriamente vazio. Assim lá nos passeámos por corredores e aposentos bastante mal equipados e com explicações pouco interessantes. O grupo foi avançando penosamente, tentando manter-se interessado mas era tarefa difícil.
Uma vez passados à zona do convento a nudez dos espaços arquitectónicos deixou de ser tão agressiva fazendo jus à expressão "pobreza franciscana". No fim do circuito lá chegámos à espectacular biblioteca. Imensa e bela como poucas, decerto, mas, logo à entrada, uma espécie de guita vermelha marcava a fronteira da realidade impedindo os visitantes de entrarem naquele espaço repleto dos mistérios próprios de um depósito de livros antigos.
Foi com uma sensação de frustração que fizemos meia-volta e regressámos em passo de corrida ao ponto de partida, percorrendo o trajecto em sentido inverso, passando exactamente pelos mesmos locais que havíamos percorrido e saindo pela mesma porta!
Meu Deus, que coisa mais estúpida!!!
Num edifício daquela dimensão não haverá a possibilidade de criar outro trajecto para os visitantes dali saírem?
Resumindo, a visita é má, o palácio é pobre e a sensação de alguma incúria por parte de quem organiza e mantém aquele espaço cola-se de imediato ao mais boçal dos visitantes. Os visitantes são tratados com pouco cuidado e, decerto, não aconselharão ninguém a fazer aquela visita se tiverem algo de mais interessante no horizonte (uma ida a um Centro Comercial, por exemplo).
Quanto à votação para maravilha do mundo, eu voto se mantiverem aquela roulotte da lingerie sempre junto à porta. Se a tirarem de lá, o Real Edifício de Mafra não merece o meu voto.
Deixo aqui esta entrada para um sítio com algumas imagens tipo postal ilustrado que permite acesso a outros sítios com mais coisinhas sobre o dito edíficio. Ainda se pode viajar por outros locais de intersse turístico. http://www.pbase.com/diasdosreis/mafra
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