sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Filme de Terror


O Lemos e o Pinho explicam as suas visões incomparáveis...
Há dias assim, em que o mundo, de repente, confirma a pior das suspeitas: a verdade é que a vida não passa de um argumento para filme de terror (daqueles de baixo orçamento). Se formos portugueses, vivermos em Portugal e ainda formos também leitores do Público, a coisa pode mesmo ganhar contornos inquietantes. Pessoalmente tenho a sensação de estar a delirar! Alucino com os relatos que me vão chegando de uma realidade exterior, seja na longínqua China comunista ou na proximidade da, bem lisboeta, Avenida 5 de Outubro.
Leio o editorial de José Manuel Fernandes de 2 de Fevereiro, “O fracasso do sistema” onde, pela enésima vez, o Director do jornal vem apresentar argumentos sobre a necessidade de o Estado ajudar as famílias com menos recursos económicos no financiamento dos estudos dos seus rebentos, proporcionando-lhes a escolha entre escolas públicas e privadas. Afinal pode haver “mais” Estado em certos sectores da vida pública… mas não é essa aparente contradição que me tira o sono. Concordo com o Director do Público em grande parte das afirmações que regista nesse editorial. Fico a imaginar que o papel dos responsáveis pelo Ministério da Educação é, na verdade, o de aterrorizar o sistema. As medidas descabeladas que sucessivamente vêm agitando a vida das escolas por esse país fora com a chancela ministerial fazem-me desconfiar que certas personagens, como Valter Lemos por exemplo, actuam a soldo de interesses inconfessáveis de grupos obscuros que vêem na degradação do ensino público uma óptima oportunidade de negócio, apostando no privado. O episódio dos exames de Física e Química, no final do ano lectivo anterior, mostram como a irresponsabilidade política e social gozam de beneplácito lá para as bandas do ministério. Há uma tradição de mediocridade na 5 de Outubro que apenas se compreende se acreditarmos numa grotesca teoria da conspiração, só aparentemente irresponsável. Deliro, certamente, mas deliro com razão! E tenho medo, tenho muito medo!
Depois, na página ao lado, Constança Cunha e Sá evidencia a dimensão “Frankensteiniana” do Pinho, monstro que foge constantemente ao controlo do seu criador para infernizar a existência dos mais pacatos cidadãos. O episódio chinês deste governante, com as suas afirmações inqualificáveis sobre os benefícios de investir em Portugal, mais uma vez me fazem tremer de pavor. Não é a primeira vez que este governante (!?) se excede para lá do basicamente aceitável. Outros episódios protagonizados por ele poderiam ser recordados, entre os quais a intervenção na casa de Almeida Garrett é paradoxal da dimensão ética, política e de cidadania do Pinho, verdadeiro exemplar “queiroziano” da actual política indígena.
O que liga o Lemos ao Pinho, além de pertencerem ao actual executivo que decide sobre os destinos da nação, é a sua absoluta falta de categoria para desempenharem os papéis que lhes estão atribuídos e, no entanto, continuarem como se nada se passasse contando com o apoio (ou pelo menos com o silêncio cúmplice) do chefe do governo.
Tudo isto me leva à tal ideia de que vivemos num filme de terror. Se personagens como estas têm as responsabilidades que têm e dão as respostas que todos podemos ver como é possível que não sejam corridos em pêlo? Quem os mantém nos seus postos como se nada de grave se passasse? A quem interessa tal desprestígio das instituições democráticas? Quem governa realmente Portugal e quais os seus interesses e objectivos?
Carta enviada ao Director do Público

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