quarta-feira, março 23, 2022

Versando a merda

    Tem dias. Tem dias em que me apetece esganar uma série de pessoas virtuais. Raramente tenho ganas de apertar o gasganete a pessoas reais. Mas também acontece. Penso que esta diferença de atitude tenha a ver com a forma como cada um me aparece à frente ou algo que com isso se pareça. Mas sim, a paciência perde-se, a paciência também se perde. Como se perde um molho de chaves ou se perde o juízo. É fácil.

    Uma vez perdida a paciência entramos no domínio do delírio. É como dar velocidade a um monte de merda com 100 quilos (ou 2200 ou 5005, qual o peso a partir do qual um monte de merda se descontrola?) e esperar que aquela gente que está lá em baixo, ao fundo da ladeira, não fique muito salpicada com a porcaria resultante do embate. Já perdemos o controle, não adianta nada estar a desejar o que quer que seja. A merda vai acontecer.

    A verdade é que devemos tentar evitar o descontrolo, evitar a rebentação do monte da merda. Se não queremos sujar o mundo não devemos fazer o primeiro gesto, empurrar o balde de merda é má ideia. Isto não é ser moralista (embora não veja grandes problemas com o moralismo), isto é ser higiénico. Como o papel.

    

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