Sei que a minha opinião é manipulada. Não sei se essa manipulação é deliberada ou se decorre,inocentemente, do facto de eu ir recolhendo dados de forma mais ou menos aleatória que são filtrados por agências noticiosas antes de me serem fornecidos. Este processo resulta confuso e permite-me criar uma visão dos acontecimentos muito pessoal e muito pouco objectiva. Eu sei que é assim e sei que é assim com todas as pessoas que, como eu, vivem a sua vida num lugar pacífico como é Portugal.
Tenho uma nítida percepção da fragilidade das minhas opiniões. Talvez por isso não as defenda de forma particularmente apaixonada; até porque é frequente que novos dados alimentem dúvidas que vêm inquietar as minhas pseudocertezas. A dúvida alimenta-me o quotidiano.
Apesar de tudo, adoro uma boa discussão. As melhores discussões são as que mantenho com pessoas que têm a mesma postura que eu, pessoas capazes de duvidar de si próprias, capazes de introduzir novos dados na discussão, por vezes de forma caótica, pessoas capazes de deixar vaguear o raciocínio até chegarem a lugares inesperados, formulações imprecisas, pensamentos imperfeitos; pessoas para quem tudo o que é necessário é que a discussão continue.
Quando alguém atinge o estado petrificado da certeza absoluta, quando alguém está convencido de que a sua perspectiva do mundo não admite qualquer tipo de dúvida, não há discussão possível. Quando isso acontece estamos no país da ditadura.
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