As coisas normais já não faziam sentido. Sentado numa esplanada manhosa olhava os carros que rolavam na rua alcatroada com se fossem barcos deslizando nas suaves águas do rio. Uma cerveja fresca, outra, uma mijadela na casa de banho. Enquanto lavava as mãos olhou-se no espelho.
A face reflectida pareceu-lhe estranha, pouco familiar. Deveria ser ele próprio mas, de um modo subtil, era uma outra pessoa. Os traços faciais permaneciam inalterados mas aquela expressão... parecia-lhe de uma outra pessoa. Tirou dois toalhetes de papel e secou as mãos o melhor que foi capaz. Saiu para a rua.
Os carros continuavam a rolar, uma chuva miudinha ia molhando tudo incluindo os tolos. Caminhou sem destino prévio sabendo que, quando chegasse a algum lado, estaria acompanhado por aquele novo habitante que transportava dentro de si. Nunca mais se sentiria isolado.
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