Não, não! Não era aquilo que havia imaginado. Tudo correra mal e o resultado vergonhoso estava ali, diante dele, como uma cicatriz indisfarçável, impossível de ignorar. O que fazer agora? Como explicar a quem quer que fosse os tortuosos caminhos que o haviam conduzido até ali, até ao desastre absoluto?
Arrepelou os cabelos puxando-os para a nuca, sentiu uma transpiração miudinha, um rubor que não conseguia perceber: vergonha? Fúria? Largou o corpo numa estranha dança toda feita de gestos tensos, braços para um lado, pernas para o outro. Agachou-se.
No chão, entre areias e poeiras, um carreiro de formigas executava alguma tarefa conjunta no seu característico passo apressado; "putas das formigas!" pensou.
E destruiu o carreiro, pisando, saltando, pontapeando, todas as formigas foram exterminadas. Enquanto limpava o sarampo aos insectos na sua demência insecticida alheou-se da angústia que sentia. Por momentos imaginou que tudo estava resolvido. Rapidamente se apercebeu que não, que estava tudo exactamente na mesma. A culpa fora sua.
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