sábado, setembro 17, 2011

Não pensar

Todo o cidadão tem o direito de não pensar sempre que isso lhe parecer a melhor forma de ocupar o tempo. Pensar sempre, a toda a hora, sem intervalos para vegetar livremente, não é bom para a saúde.

Não ler, não ver cinema, não ir ao teatro, não desenhar, não pintar, em suma, não fazer rigorosamente nada, é uma medida preventiva a aplicar sempre que a cabeça começa a inchar.

Essa inactividade pode ser agradavelmente preenchida por uma tarde a olhar para a televisão vendo jogos de futebol do campeonato argentino entre equipas das quais nem sabemos o nome, de preferência um daqueles jogos que terminam com um zero a zero preguiçoso no placard.

Ou então vendo um filme com o Jean Claude van Damme a desancar tudo quanto lhe passa à distância de um braço. Assistir a um debate sobre a vida sexual na terceira idade também é uma opção interessante mas mais difícil de encontrar.

Todo o cidadão tem direito a uma boa dose de estupidez desde que não se habitue. A inteligência também precisa de períodos de descanso.

4 comentários:

Anónimo disse...

(:-))

Anónimo disse...

ao ler seu texto, me lembrei de um poema da Orides Fontela: Sempre é melhor saber/que não saber/sempre é melhor sofrer/que não sofrer/sempre é melhor desfazer que tecer. (Axioma), tão bonito esse poema e a poeta tão pouco conhecida.
Bjs
madoka

Jorge Pinheiro disse...

E ainda não paga imposto... Ou já?

Silvares disse...

É Eduardo, é coisa para sorrir.

Madoka, a fama não paga o que deve a muita gente. Fica a dever a vida toda e, no fim, não paga mesmo.

Jorge, é melhor não falar muito nessa possibilidade...