sexta-feira, fevereiro 11, 2011
Sonhar custa mais do que possa parecer
Os manifestantes na cidade do Cairo parecem fazer parte da nossa família. Eles choram, riem, gritam, sussurram, abraçam-se e é como se sentíssemos os braços deles a envolver a nossa necessidade insaciável de poder acreditar na utopia maior que é poder sonhar com uma sociedade mais próxima da que colorimos com a nossa imaginação.
Tenho acompanhado os acontecimentos de forma aleatória e com a focagem que me permite a lente da comunicação social, principalemnte a do olhar de Paulo Moura, esse grandíssimo jornalista que anda por lá a cobrir a revolução egipcia para o jornal Público (ver aqui um conjuntoo de reportagens da sua autoria).
O que me fica de tudo isto é a infinita capacidade de sonhar que o desejo de mudança nos confere, enquanto seres sociais. Recordo a revolução portuguesa de Abri de 1974.
Olhando o estado actual da nossa democracia com desencanto e profundo cepticismo imagino o que poderá sair dali, das ruas do Cairo e de Alexandria e de outras cidades da nação dos faraós. Sinto um aperto no estômago ao comparar a dimensão dos sonhos com a crueza da realidade pós-revolucionária. O povo sai sempre a perder mas a verdade é que os corpos, sem sonhos, não valem nada.
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10 comentários:
A verdade é que apesar de tudo o mundo move-se e avança, embora às vezes pareça não querer.
Desejo-lhes um "25 de abril" mais duradouro e verdadeiro que o nosso.
Já lá dizia o princípe de Falconeri, " É preciso que tudo mude para que tudo fique na mesma "... este parece ser o "nosso" fado.
hoje somos todos egípcios! o lindo dessa revolução é que tem um saber revolucionário do boca-a-boca que organiza o movimento. sao muitas revoluções ao mesmo tempo. olhos atentos à revolução que tá brotando do mundo árabe. ulalá.
madoka
Amigos meus, agora é que a porca torce o rabo. O delírio do sonho chega ao fim, prepara-se a dura realidade.
Como lembrou o Rui Sousa no seu comentário, fica claro que estão falando em mudanças para continuar tudo a mesma coisa . Como sempre.
Peri, neste caso algo vai mudar... resta saber o quê.
Silvares
Parece que o sr . general de plantão que lá está no governo era um dos pilares do governo fugido . Difícil acreditar em mudança. Políticos, e seus satélites, tem uma estranha habilidade de permanecerem no poder, seja quais forem as nuances desse poder.
Assistimos isso aqui no Brasil, velhos guardiões civis da nossa ditadura militar, exemplares modelos do que há de mais retrógrado na ação política, continuam ativíssimos, fazem parte da " base de sustentação" do atual governo e ainda hoje são louvados e acariciados em público pelo nosso ex-presidente e sua sucessora, que eh, eh, vieram para "mudar tudo". E o povo engole, com twitter ou sem twitter, ah, ah.
Peri, eu sei que "quando o mar bate na rocha quem se lixa é o mexilhão" mas uma revolta como a do Egipto trará uma qualquer mudança. Para melhor, para pior? Mudanças haverá!
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