quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Céptico como o caraças!


Hoje de manhã descobri que, filosoficamente falando, sou um céptico. Fiquei algo satisfeito por conseguir finalmente encontrar um nome para a minha doença. Ainda por cima essa doença não é uma doença mas uma atitude filosófica.

Ufa, nem sequer tenho necessidade de procurar uma cura. A vida em si, a tarefa diária de a ir vivendo é, em simultâneo, o veneno e o antídoto do céptico. Tão depressa ingiro uma dose letal de realidade aparente, capaz de pôr um cavalo a falar aramaico, como de imediato lhe encontro panaceia adequada. E o cavalo volta a relinchar, apenas e mais nada. As coisas regressam ao seu lugar, definidas pelos contornos habituais e pronto. Segue jogo.

Fico com a sensação que, tal como os cépticos da Antiguidade, procuro a ataraxia. Mas, pensando bem no assunto, não tenho a certeza que seja tanto assim, estou um pouco céptico quanto aos meus reais objectivos de vida e formas de encarar o quotidiano delirante em que navego, constantemente atraído pelo canto cacofónico de um milhão de sereias sedentas da água dos meus sonhos.

(A linguagem figurada permite sempre uma saída airosa, mesmo para um não-céptico.)

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