Belmiro de Azevedo, o capitalista mais popular de Portugal, vem juntar a sua voz às daqueles que consideram o referendo ao Tratado de Lisboa uma coisa ruim. Só se admirará quem andar mais distraído que um orangotango enjaulado, mas convém atentar um pouco nas afirmações deste benemérito.
Diz Belmiro: "Só pode haver referendo em questões nacionais e regionais quando a pergunta é suficientemente simples para que a resposta não seja um voto tolo." O tom da afirmação deixa um gajo logo a olhar de lado; "só pode"!? Quem diz? Diz Belmiro. Com que autoridade? O homem deve ter-se em alta consideração a si próprio. O que até nem lhe fica mal, mas, da parte que me toca, as opiniões dele em matérias de ordem social e humana não me interessam, antes pelo contrário. Quanto ao voto tolo é uma ideia interessante e reveladora.
Mas o mais curioso é que, mais à frente, Belmiro conclui que o povo português não está preparado para responder em referendo a não ser "a questões de liberdade pública ou sobre grandes ameaças como o terrorismo." Ou seja, o povão só está habilitado a dar respostas que se enquadrem nas expectativas de quem lhas coloca. Como, normalmente, os referendos são da iniciativa dos poderes instituídos, quando a questão lhes desagrada nem sequer se coloca, como é o caso presente. Belmiro, habituado a mandar e ordenar e ter, ainda por cima, os sapatos lambidos, acha que Sócrates, um dia destes, vão dizer "en passant" que o referendo foi uma promessa irreflectida, daquelas que se fazem na cama após uma quente noite de amor ou quando se quer convencer alguém a entrar nela. A paixão de Sócrates pelos eleitores esmoreceu de forma significativa desde que se apanhou no poleiro com maioria absoluta. Resumindo, Belmiro imagina Sócrates como o patrão de Portugal que pode pôr e dispor de tudo e de todos como qualquer bom capitalista o faz com aqueles que lhe obedecem. E com os seus cães.
Belmiro bem podia ter ficado calado, mas enfim... o homem parece que é bom a fazer contas. Será que ele já leu a notícia que fica no outro lado deste link http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1314141&idCanal=13?
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