quarta-feira, outubro 25, 2006

Tanga da grossa


Na quarta e última versão da proposta de revisão do Estatuto da Carreira Docente (ECD), apresentada hoje aos sindicatos, a tutela prevê a alteração dos critérios propostos para a avaliação de desempenho, considerando que a apreciação dos pais só será tida em conta com a concordância do professor.

Desde o primeiro dia em que ouvi falar desta ideia peregrina de pôr os pais a avaliar o desempenho dos professores que me pareceu tratar-se de tanga da grossa. Sempre fui de opinião que se tratava de uma falsa proposta, lançada para a mesa apenas para gerar confusão e, na devida altura, ser deixada caír. Assim o Ministério dá a sensação de estar a ceder, os sindicatos dão a imagem de estarem a ganhar qualquer coisa. Táctica velha de inventar um acessório farfalhudo para esconder o essencial. No essencial não haverá cedências.

Como o objectivo desta proposta de alteração ao estatuto da carreira docente é exclusivamente economicista, o Ministério está-se bem a borrifar para a avaliação dos pais ou das mães ou de quem quer que seja. Esse foi o acessório imbecil inventado para fazer cortina de fumo. Nas quotas para professores titulares ninguém toca já que esse é o aspecto essencial, aquilo que fica quando o fumo se dissipar.

"Se as organizações sindicais persistirem em manter um clima de conflitualidade e continuarem a programar acções de luta como as das últimas semanas, não haverá possibilidade de desenvolver esse trabalho", afirmou o secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, em conferência de imprensa.

Aqui fica bem expressa a mentalidade democrática deste cromo e o seu talento negocial. O conhecimento que revela sobre as questões relacionadas com o funcionamento das escolas e respectiva organização permitem-lhe apenas balbuciar banalidades e meter os pés pelas mãos de forma confrangedora. Não admira que, dada a ignorância que normalmente exibe nos debates em que participa, o Senhor Pedreira anseie evitar a discussão. O perfil que apresenta está mais de acordo com uma atitude absolutista semi-iluminada do que com um governante de um executivo democrático.

Quando vejo este retrato animado a aparecer na TV penso de imediato "Lá vem tanga!"... da grossa.

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